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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

TEXTO 84 - O GÊNIO MORA AO LADO.

O gênio mora ao lado
Janeiro de 2006 - Felipe Betschart

Parte desta reportagem foi publicada no jornal "O Atibaiense",
edição 7.569, de 14 de janeiro de 2006



Pertinho de Atibaia, na cidade vizinha de Bom Jesus dos Perdões, mora uma pessoa, no mínimo, especial. Quantas pessoas conseguem, por exemplo, bater um recorde mundial de xadrez e, ao mesmo tempo, ser capazes de se perder completamente ao fazer pequenos trajetos a pé pelas ruas de uma cidade? Estamos falando de Hindemburg Melão Jr., o “Guinho”, um paulistano de 33 anos que deixou de boca aberta jogadores de xadrez do Brasil e do mundo no ano de 1997. Em uma simultânea (modalidade em que uma pessoa joga contra vários adversários ao mesmo tempo), ao chegar em determinada posição em uma das partidas, Melão calculou uma seqüência na qual daria xeque-mate em 12 lances, mesmo que seu adversário jogasse da melhor maneira possível. Quem joga xadrez sabe que fazer previsões tão “distantes” num jogo não é uma tarefa fácil. Mas o incrível não foi o fato de ele “enxergar” o xeque-mate em 12 lances. O que intrigou enxadristas de todos os cantos do mundo foi que Melão estava jogando sem ver os tabuleiros, ou seja, jogava às cegas! A façanha, que aconteceu no Clube de Xadrez de São Paulo, entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes (páginas 110 e 111 da edição de 1998), como “recorde mundial de xeque-mate anunciado mais longo em simultânea de xadrez às cegas”.

Ainda no xadrez, Melão se destacou também como analista de partidas. Um de seus trabalhos foi considerado um dos dez melhores do mundo em eleição feita pelo júri do Informador Sahovski. O Informador Sahovski é o principal periódico internacional de Xadrez, publicado na ex-Iugoslávia e comercializado em praticamente todos os países. O ex-campeão mundial (1975-1985) Anatoli Karpov, em seu livro “Mosaico Enxadrístico”, faz a seguinte referência ao Informador Sahovski: “Nele se publicam as partidas mais brilhantes, mais belas e de aspecto teórico mais significativo de todas as competições celebradas no planeta durante o período dado (quadrimestre)”. Em outras palavras: as análises de Melão figuraram entre as dez novidades teóricas mais importantes para o avanço do entendimento do jogo. Além disso, Melão é recordista mundial de xeque-mate anunciado mais longo em Xadrez Epistolar (xadrez por correio), cuja análise integral foi publicada na Grécia e teve notas publicadas na França, Finlândia, Estados Unidos, Bélgica, Holanda e Dinamarca.

Outras atividades

Não é só de xadrez que Melão entende, absolutamente. Ele é autodidata e não possui formação acadêmica (cursou Física na USP por apenas quatro meses), mas é autor de trabalhos considerados inovadores em diversos campos do conhecimento. Em Psicologia, criou o Sigma Test, atualmente disponível em 14 idiomas, publicado em sete revistas internacionais e reconhecido como exame para admissão em dezenas de associações culturais de vários países. O Sigma Test é usado, por exemplo, para avaliar Ph. D.s (cientistas, filósofos) e pós-doutorados de algumas das principais universidades do mundo, como Oxford, Harvard, Helsinque, Bruxelas, etc. Também é autor do Sigma Test VI, mais difícil que o Sigma Test e disponível em oito idiomas.

Melão é autor também de um aprimoramento no método usado pela NASA para calcular as distâncias às estrelas, de uma correção na fórmula usada para cálculo de IMC (quantidade de gordura no corpo), de uma melhoria na Teoria da Evolução de Darwin e Wallace e ainda é autor de um método (que se tornou tema de palestras) para aumentar as notas em provas, vestibulares e concursos, entre outras. Se isso já não bastasse, é autor de diversas inovações em ferramentas estatísticas usadas em Psicologia e Economia, entre outras que podem ser encontradas na Internet ou impressos.

O Sigma Test está disponível na Internet, onde é possível encontrar artigos que descrevem o processo de padronização e as propriedades psicométricas, além de uma lista com dezenas de depoimentos de proeminentes intelectuais de vários países, sobre as impressões que tiveram ao serem examinados com este teste.

O artigo sobre IMC foi ampliado e em breve deverá ser publicado em forma de livro. O artigo sobre Evolução das Espécies também deverá ser publicado em forma de livro em parceria com José Antonio Francisco. O método para melhorar as notas foi condensado em forma de palestra.

De quanto é o seu QI?

No dia 18 de dezembro do ano passado, o programa Fantástico, da rede Globo, fez uma reportagem com Melão e outros “superdotados”. A matéria falava justamente de pessoas de alto QI (Quociente de Inteligência), que tinham facilidade em áreas específicas. Dentre os que apareceram na reportagem, Melão foi o segundo a ter o QI mais alto, perdendo apenas para Einstein, o pai da Teoria da Relatividade.

Pela classificação de Terman (a mais tradicional), uma pessoa “normal” tem QI entre 90 e 110, e uma pessoa com QI 140, ou acima, é considerada “gênio”. Para medir QIs até 135, basta ir a uma clínica, fazer um teste aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia e, em cerca de uma hora, a pessoa recebe o resultado. Para medir QIs acima de 135, existem os chamados “hard tests” (testes difíceis), que são muito mais difíceis e podem medir corretamente QIs até cerca de 150 ou 160. Para medir QIs acima de 160 não existem testes apropriados, e a determinação do QI é feita por estimativa baseada na produção intelectual.

O número em si não representa nada, a menos que seja citada a escala em que o teste está baseado e isso se o critério de adequação para aplicação for atendido. Einstein, por exemplo, obteve escore 156 em um teste baseado em escala Wechsler, enquanto o Melão obteve 159 num teste baseado na mesma escala. Porém, conforme explica Melão, isso não significa que ele seja mais inteligente do que Einstein, porque o teste de Wechsler não é apropriado para medir QIs nesse nível. O correto nesses casos é recorrer a estimativas baseadas em produção intelectual.
No caso do Melão, duas autoridades internacionais no assunto fizeram estimativas de seu QI: Baran Yonter, da Turquia, presidente da Pars Society (grupo para pessoas com QI acima de 180 pela escala Stanford-Binet) e Alexandre Prata Maluf, membro de três sociedades internacionais para pessoas com QI acima de 180 (Pars, Olympiq e Sigma V).

Na estimativa de Baran, o QI de Melão é cerca de 200 pela escala Stanford-Binet e 250 pela escala Cattell. A estimativa de Alexandre é numericamente muito diferente, mas convém chamar a atenção para um fato importante: Alexandre é extremamente rigoroso em suas avaliações, a ponto de estimar o próprio QI em 169 pela escala Stanford-Binet, embora seja, assim como Melão, membro de três sociedades para pessoas com QI acima de 180. Para Alexandre, o QI de Marilyn vos Savant, registrada no Guinness Book de 1990 como a pessoa com QI mais alto do mundo, é de 177 pela escala Stanford-Binet. Estima o QI de Melão como igual ao da Marilyn, em 177 pela escala Stanford-Binet. Segundo sua estimativa, o QI de Christopher Michael Langan é de 183, sendo que Langan, em 2000, reivindicava ter o QI mais alto das Américas. Por fim, Alexandre afirma que o QI de Einstein é de 196 (244 pela escala Cattell).

Profissão

Questionado sobre suas atividades profissionais, Melão responde: “Já trabalhei em circo (Cybercops) na época em que estava em boa forma. Foi divertido usar minha experiência em artes marciais de forma produtiva, mas quando tive que vestir a mesma fantasia que tinha sido usada pela turma da manhã, uma fantasia que ‘não via’ água e sabão há um bom tempo, percebi que não tinha muita vocação para aquilo”, contou.

Melão já deu aulas particulares de Física, Matemática e Xadrez. “Já ganhei algum dinheirinho com cursos de Xadrez, jogando torneios, simultâneas, fazendo análises e outros serviços ligados ao Xadrez”. Ele também já foi vendedor e prestou consultoria sobre criação de textos publicitários, criação e padronização de testes cognitivos e personalógicos, sobre gestão de risco e Business Intelligence.

“Aos poucos fui selecionando as atividades que me interessavam e também descobri algumas outras para as quais tenho alguma facilidade e que são razoavelmente rentáveis”, explicou. “Atualmente faço aplicações, tanto com recursos próprios como também de terceiros. Ofereço consultoria, ministro palestras e cursos e aplico testes de inteligência na Sigma Society”, afirmou.

No caso de investimentos, antes de “dar a cara para apanhar”, Melão ficou um tempo no Folhainvest, maior simulador do Brasil, que atualmente conta com 105 mil participantes. No primeiro mês, ele ficou acima de 97%. No mês seguinte, se saiu melhor que 99,92% dos participantes. Em dezembro de 2005, esteve acima de 99,98% e o ganho foi de 60% (a classificação está disponível em http://emacao.folha.uol.com.br).

“Investir é uma atividade divertida, especialmente em derivativos, que são muito mais voláteis e oferecem melhores perspectivas de ganhos, mas acho mais desafiador, do ponto de vista intelectual, aprimorar as ferramentas estatísticas usadas para apoio aos processos decisórios”, disse. Mas o que realmente mais interessa a Melão no momento são palestras, “pelo agradável contato com pessoas empenhadas em crescer pessoalmente e profissionalmente”.

Uma bússola talvez ajudasse

“Sim, é verdade. Quando era adolescente Guinho se perdeu por várias vezes andando pela rua”, contou Dona Linai Helena Barbosa, mãe do rapaz. “Eu, minha irmã e meu marido tínhamos sempre que buscá-lo perdido em algum lugar”. Atualmente, Melão consegue controlar um pouco esse problema. “Evito pensar em outros assuntos enquanto caminho”, disse. Até agora – pelo menos é o que diz – ele não se perdeu em Bom Jesus dos Perdões, nem em Atibaia. “Mas no trajeto de nossa casa até a de sua prima Luciah, o Guinho acabou ziguezagueando e demorou quase meia hora a mais do que seria necessário se seguisse o caminho mais curto”, contou Dona Linai.

Sigma Society

Mais informações sobre Melão e suas atividades podem ser encontradas no site da Sigma Society (www.sigmasociety.com). Sigma é uma associação cultural multidisciplinar fundada por Melão em 1999, que atualmente conta com membros de 40 países de seis continentes. É dividida em cinco segmentos: II, III, IV, V e VI, sendo este último um grupo cujos quesitos para admissão são extremamente rigorosos, com corte teórico de 1 em 1.000.000.000 (um em um bilhão) e provável corte real estimado em cerca de 1 em 1.000.000 (um em um milhão).

Sigma VI reivindica ser a sociedade intelectual mais exclusiva do mundo. A sociedade registrada no Guinness de 1990 como mais exclusiva até então era Mega Society, fundada por Ronald Kent Roeflin, dos Estados Unidos, em 1982, com corte teórico de 1 em 1.000.000 e provável corte real em torno de 1 em 20.000. Desde 1997, Giga Society, fundada por Paul Cooijmans, da Holanda, também reivindica o recorde de mais exclusiva, com corte teórico de 1 em 1.000.000.000 e provável corte real estimado em cerca de 1 em 50.000.

REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/melao_materia.htm

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 83 - Enxadrista Mequinho volta a ganhar título no exterior.



MEQUINHO.

No início dos anos 70, ele dividia o Olimpo do esporte brasileiro com Pelé e Emerson Fittipaldi. No final daquela década, quase morreu, vítima de uma doença neuromuscular. Curou-se e, agora, retoma o caminho das conquistas que não conhecia há 30 anos.

Henrique da Costa Mecking, 54, o Mequinho, ganhou no último domingo o Torneio de Lodi, na Itália, onde superou 70 enxadristas (entre eles, oito Grandes Mestres), de 22 países.

Mequinho somou sete pontos em nove jogos, conquistando seu primeiro título no exterior desde 1976, quando faturou o Interzonal de Manila, nas Filipinas. Chegou a ser o terceiro no ranking mundial em 1978, atrás só dos russos Anatoly Karpov e Viktor Korchnoi.

Mequinho foi tema até de música. Raul Seixas, em "Super-Heróis", do álbum "Gita", de 1974, cantava: "Quem é que no Brasil não reconhece o grande trunfo do xadrez? / Saí pela tangente disfarçando uma possível estupidez / Corri para um cantinho para dali sacar o lance de mansinho.../ Advinha quem era? / Mequinho!"
Emocionado com o triunfo, Mequinho recorreu ao passado para explicar sua nova fase. "Nós, brasileiros, podemos ser campeões dos pés à cabeça", disse o enxadrista, se referindo à Copa do Mundo e repetindo uma frase que tornou-se célebre por ter sido dita pelo general-presidente Emílio Garrastazu Médici --que empregou Mequinho como assessor do governo no início dos anos 70.

Com a voz rouca e frágil, mas garantindo que está livre da miastenia gravis, doença que paralisou seus músculos, Mequinho tem um objetivo fixo: "Quero ser campeão mundial para provar a todos que Deus me curou", diz ele, que, além de enxadrista é teólogo formado.

Após um retorno fracassado no início dos anos 90 ("Ainda estava doente") e resultados discretos nas últimas temporadas, ele atribuiu seu título na Itália às aparições de Nossa Senhora de Medjugorje, na Bósnia, para onde foi após a conquista.

Mequinho agora se prepara para retomar sua rotina: acordar todos os dias às 6h30, treinar caratê, correr nas ruas, rezar e, quando precisar de carro, usar seu Fusca branco 1980. "Não posso reclamar. Eu precisava de ajuda para levantar da cama para escovar os dentes."

REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/reportagens_mequinho.htm

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 82 - O drama de Schlechter, "O Mestre dos Empates".

O drama de Schlechter, "O Mestre dos Empates"

por Pedro Alcântara


KARL SCHLECHTER (1874-1919), grande mestre vienense de xadrez, foi o único desafiante, antes de CAPABLANCA, que LASKER (na época Campeão Mundial de Xadrez) não conseguiu vencer. O match entre ambos, de 10 partidas, foi jogado em Jan-Fev/ 1910, parte em Viena e parte em Berlim e resultou em 5 x 5. O empate beneficiou o campeão.
O match foi espetacular, principalmente a última partida, a décima, quando LASKER esteve seriamente ameaçado de perder o título. SCHLECHTER estava com 1 ponto de vantagem quando a partida começou (5 x 4).
SCHLECHTER era conhecido, naquela ocasião, como o "MESTRE DOS EMPATES", pois tinha em seu currículo mais empates do que qualquer outro jogador em atividade na época. Em torneios internacionais sempre se colocava muito bem, pois difícilmente perdia partida.
A última partida do match foi jogada sob enorme tensão e com muita excitação dos espectadores. A luta estava realmente dramática. SCHLECHTER conseguiu, no meio-jogo, uma posição um pouco superior, suficiente para o EMPATE, conforme alguns autores. Porém, por obra do destino, tal não aconteceu. SCHLECHTER perdeu a partida... Como foi possível o "MESTRE DOS EMPATES" não empatar uma partida, quando mais precisava fazê-lo ? Ainda mais que o match já vinha vindo com 8 empates! Pela aritmética a disputa estaria ganha de 5,5 x 4,5 a favor de SCHLECHTER, caso ocorresse o empate e assim o título mudaria de mão.
Muitos autores, por desconhecimento, quando relatam este emocionante duelo, mencionam aquela pergunta como sendo a síntese dos acontecimentos.
Entretanto, a verdade não é exatamente essa, e aí aparece o fato curioso. Pelas condições impostas pelo campeão para a disputa do match (na época o campeão era o proprietário do título), o desafiante teria que vencer com 2 pontos de vantagem para poder proclamar-se novo campeão. Daí, SCHLECHTER na última partida teve que jogar para ganhar, o empate não interessava em absoluto. E perdeu ! LASKER manteve assim, o título mais uma vez.
Com o surgimento da FIDE, o título de campeão deixou de ser propriedade particular e condições como essas não valem mais.
Em seguida, vamos rever a famosa 10ª partida do match entre EMANUEL LASKER e KARL SCHLECHTER, cujo resultado poderia ter mudado toda a história do xadrez mundial.


Fontes: Moderno Dicionário de Xadrez – Byrne J. Horton
A Aventura do Xadrez – Edward Lasker
Los Campeonatos del Mundo – Pablo Moran/S. Gligoric
Guinness Chess, The Records – Ken Whyld
Mosaico Ajedrecistico – A. Karpov/E. Guik

REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/drama_de_schlechter.htm

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 81 - XADREZ (MATÉRIA DE RODOLFO KONDER).



REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/img/biografia_xadrez.jpg

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 80 - MESTRES, ESSES MESTRES...

Mestres, esses mestres...





1. O mestre pode. Um forte amador pediu ao GM mexicano Carlos Torre que analisasse uma de suas partidas. Torre não queria perder tempo com artidas de capivara, mas o jogador tanto insistiu que Torre concordou, embora sob uma condição: pararia a análise assim que constatasse um erro gravíssimo. Ficou combinado. O sujeito começou a mostrar a partida: 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 Cf6 4.e5 ...Cg8. "Pode parar - disse Torre - esse lance preto é horroroso." O homem replicou: "Não é bem assim, maestro, a idéia do recuo do cavalo é sutil. Nimzowitsch, por exemplo, já experimentou esse lance e venceu!" Ao que Torre respondeu: "Nimzowitsch é um gênio, ele pode jogar isso. Mas você não, você tem que respeitar as regras de desenvolvimento das peças." Ah se todos nós lembrássemos dessa história!

2. Nomes curtos. O jovem Leonid Stein tinha acabado de perder para o veterano GM Salo Flohr. Para consolá-lo, Flohr contou uma piada: "Não fique triste. Olha, em breve os nomes curtos vão ser melhores do que os nomes longos. Veja por exemplo Liliental, um grande jogador no passado. Agora, quem se destaca é Tal. Com você vai ser assim também. Em breve, Bronstein vai ter que ceder o lugar para Stein!". Poucos anos depois, a "profecia" foi cumprida: Stein venceria três campeonatos soviéticos!

3. Com tabuleiro. Richard Réti e Alexander Alekhine encontraram-se no trem e começaram a analisar uma posição às cegas (sem o tabuleiro nem as peças, só de memória). Depois de alguns minutos, Alekhine virou-se para Réti e disse: "Olha, todos sabem que nós dois somos os melhores jogadores às cegas do mundo. Por que então não utilizamos um tabuleiro de verdade?".

4. Assassino de si mesmo. O GM húngaro Geza Maróczy era conhecido pela elegância e polidez com que tratava a todos. O GM letão Aaron Nimzowitsch era famoso exatamente pelo contrário, pelo mau humor e falta de tato com que tratava a quase todos. Certa vez, Nimzowitsch foi tão ofensivo que Maróczy reagiu convocando-o para um duelo no dia seguinte. O irado Nimzowitsch não compareceu ao encontro. Justificou-se assim: "Não vou contribuir para meu próprio assassinato."

5. Grande fígado. O GM inglês Blackburne foi um dos mais fortes jogadores do mundo nas últimas décadas do século XIX. Na lista de suas vítimas, incluem-se Steinitz, Tchigorin, Em. Lasker, Tarrasch, Pillsbury e Alekhine. Suas partidas eram especialmente inspiradas pelas bebidas alcoólicas. Conta-se que ele era capaz de esvaziar duas garrafas inteira de uísque numa sessão de partidas simultâneas. Morreu aos 83, idade bastante avançada para quem viveu, e bebeu, na sua época. Um grande cérebro e, pelo visto, um grande fígado.

6. Yoga. Aaron Nimzowitsch descobriu que a prática de Yoga, a milenar prática física e mental indiana, poderia melhorar seu desempenho nos torneios de xadrez. Experimentava os movimentos do yoga nos próprios torneios. Enquanto o adversário meditava em busca do lance, Nimzowitsch ia para o chão e colocava-se de cabeça para baixo. Acreditava que desta maneira o sangue desceria para o cérebro e ajudaria a pensar melhor. Algumas vezes esse troço funcionou muito bem. Mas desconfio que se você não for Nimzowitsch, não fluirá tanto sangue assim para sua cabeça.

7. Melhor para ele. Partida amistosa de uma amador contra um forte jogador. Ao amador dirigiu-se a Emanuel Lasker, que observava o jogo, e perguntou: "Qual o melhor lance nessa posição?". Lasker respondeu: "Jogue g2-g4." O pobre incauto seguiu o conselho e, inesperadamente, seu adversário respondeu com a dama, que deu o mate. Estarrecido, o indivíduo virou para Lasker e perguntou, meio sem acreditar, meio furioso: "Mas o senhor não disse que essa era o melhor lance?". "Sim – respondeu Lasker – o melhor para seu adversário." No fundo, essa era a maneira de jogar xadrez de Lasker: ele encaminhava a partida para posições em que seus adversários, perplexos, se interrogavam: "essa posição é boa, é óbvio, mas para qual de nós dois?"

8. Sumiço da torre. Na União Soviética, havia uma tipo de simultânea dada por dois grandes mestres que jogavam alternativamente. O GM1 fazia o lance contra todos os tabuleiros, que, em seguida, respondiam. Era então a vez do GM2 fazer os lances em cada tabuleiro. Depois das respectivas respostas, o GM1 retornava e assim a partida continuava. Certa vez, Averbach foi jogar um lance quando percebeu que estava com a torre a menos. Mesmo com a posição perdida, ainda fez dois ou três lances. Depois que a exibição acabou foi conversar com Bondarevsky: "Como é que você perdeu aquela torre?". Ao que Bondarevsky replicou: "Ué, eu perguntar exatamente isso!". Os dois se olharam e perceberam que tinham sido roubados pelo esperto amador.

9. Endereço do hotel. Emanuel Lasker era um tanto distraído. Certa vez, hospedou-se num hotel e foi ao clube da cidade. Depois da simultânea e do jantar, oferecem carona de volta para hotel. Neste momento, Lasker percebeu que não sabia nem o nome nem o endereço do hotel onde havia deixado suas bagagens. Tiveram que percorrer a cidade inteira até encontrar o lugar correto.

10. Relógio. Conta-se que Gari Kaspárov, o "Ogro", como dizem os espanhóis, tem o hábito de retirar o relógio do pulso assim que a partida começa. O relógio fica ali, sobre o tabuleiro. Quando Kaspárov sente que a partida está chegando ao fim e que ele será o vencedor, pega o relógio e bota de novo no braço. Uma maneira sutil de dizer pro adversário: "Bom, vamos acabar logo com isso que não tenho tempo a perder." Pressão sobre o adversário? Sem dúvida. Mas já houve adversários que, pelo menos em algumas ocasiões, fizeram Kaspárov esquecer do relógio.

11. Futebol. Quem joga xadrez é capaz de jogar futebol? O clichê é o jogador frágil, distraído e que derruba os objetos em seu redor. Mas as coisas não são bem assim. O esporte de Ljubojevic era o futebol e foi por causa de uma longa contusão que ele aprendeu a jogar xadrez, com já tinha 16 anos de idade (mais tarde, seria um dos dez melhores do mundo). O GM Peter Leko foi titular de um time juvenil húngaro. O melhor de todos, porém, foi o GM norueguês Agdestein. Forte jogador de xadrez, também foi titular da seleção norueguesa de futebol, autor de um gols importantes. Por exemplo, na vitória contra a Itália na Copa da Europa. Se o nosso leitor jamais fez gol contra a seleção da Itália, talvez possa um dia ostentar o título de Grande Mestre Internacional...

12. Senhoras. Para os psicanalistas de plantão: Alekhine foi casado com mulheres muitos anos mais velhas dos que ele. Certa vez, ainda jovem, foi a um baile. Havia moças bonitas, frescas e joven como a primavera, mas ele não prestou a menor atenção. Mas quando vislumbrou uma senhora com vinte anos a mais do que ele, Alekhine não conteve a agitação e fez de tudo para dançar com ela. Seu entusiasmo era surpreendente.

13. Escarlatina. Alekhine foi internado no hospital de Praga (República Tcheca) em 1942 para tratar de febre escarlatina (doença transmissível produzida por um estreptococo). No mesmo hospital o GM tcheco Richard Réti havia morrido de escarlatina em 1929. Alekhine, que era supersticioso, não achou nem um pouco interessante a coincidência. Mas sobreviveu para morrer em 1946, em Lisboa.

14. Moscou 1959. O torneio internacional em memória de Alekhine em 1959 teve um trio de vencedores: V. Smyslov, D. Bronstein e B. Spassky. Superam vários GMs, entre eles Vasiukov, Portisch, Larssen, Filip e F. Olafsson. Smyslov e Bronstein terminaram invictos. Spassky sofreu uma única derrota, para Smyslov, que venceu o torneio pelo critério SB. Smyslov tinha sido campeão mundial, Spassky conquistaria o título dez anos depois. Bronstein havia empatado o match de 24 partidas pelo título mundial, contra Botvínnik em 1950. Três gigantes da história do xadrez, todos os três ainda vivos (novembro de 2001).

REFERÊNCIAS:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/texto_mestres.htm
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/textos_diversos.htm

PESQUISADO PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 79 - QUEM INVENTOU O XADREZ.

Quem inventou o xadrez?




O xadrez como o conhecemos hoje, passou por inúmeras transformações e quanto à sua origem, os historiadores não conseguem chegar a um consenso.

Existem indícios de possíveis ancestrais do xadrez moderno, por exemplo, foram encontradas pinturas em câmaras mortuárias egípcias, de duas pessoas sentadas à mesa com peças em relevo. Na Índia, existe um jogo que também é considerado antecessor do xadrez, conhecido por Chaturanga. Porém o registro histórico mais antigo de peças de xadrez como as conhecemos hoje data de 900 d.C. (Guinness Book, 1995).

Alguns historiadores acreditam que o xadrez nasceu na Índia, inventado pelo brâmane na corte do Rajá Balhait. Com poucos registros para sustentarem a civilização onde nasceu o xadrez, os livros de xadrez trazem uma lenda sobre o aparecimento do xadrez.

O Rajá Balhait pediu aos sábios de sua corte que criassem um jogo capaz de desenvolver os valores da Prudência, da Inteligência, da Visão e o do Conhecimento, opondo-se nesse sentido ao ensinamento do Nard ( atual gamão ), no qual o resultado final é decidido pela sorte nos dados e não pela destreza e senso estratégico dos jogadores.

Então Sissa, sábio da corte, apresentou ao Rajá um tabuleiro quadriculado com casas escuras e casas claras, e peças que representavam os quatro elementos do exército indiano: Carros, Cavalos, Elefantes e soldados a pé, comandados por Rajá e seu vizir. Sissa explicou que escolhera a guerra como modelo porque entendia ser a escola mais eficiente para se aprender os valores da Decisão, do Vigor, da Persistência, da Ponderação e da Coragem.

Balhait encantado com o jogo ordenou que fosse preservado nos templos a sua prática, por considerar seus princípios como o fundamento de toda justiça e acreditava ser o melhor treinamento da arte da guerra. Como recompensa o Rajá ofereceu ao sábio um pedido do que desejasse.Sendo um cientista, Sissa se sentia recompensado pelo simples fato de que sua invenção estava sendo reconhecida por todos, mas após a insistência do Rajá, finalmente Sissa pediu sua recompensa em grãos de milho, da seguinte forma: Pela primeira casa do tabuleiro receberia um grão, pela segunda dois, pela terceira quatro, pela quarta oito, e assim por diante, em progressão geométrica, até a sexagésima quarta casa. O Rajá não entendeu porque Sissa havia escolhido uma recompensa tão humilde, quando poderia pedir o próprio reino para si.

Então o Rajá ordenou que fosse trazido o milho para o sábio. E o que parecia um pedido humilde mostrou-se impossível de ser atendido, mesmo antes de se chegar à trigésima casa. Os matemáticos do reino calcularam que nem todo o milho da Índia bastaria para pagar a recompensa.

Preocupado o Rajá olhou para Sissa, mas este disse sorrindo que já sabia que não seria possível atender o seu pedido porque a quantidade de milho exigida seria de 18.446.774.073.709.551.615 grãos de milho. Com isso Sissa quis mostrar que sua invenção possuía dimensões maiores do que aparenta.

Da Índia, o xadrez estendeu-se não apenas para o oeste, até a Pérsia, a Arábia e desta até a Europa, mas abriu caminho também para a Ásia, conhecido por diversos nomes e peças adaptadas à região ( Lasker, 1962 ). Hoje o estilo oficial é o modelo Inglês, com Rei, Rainha (Dama no Brasil), Bispos, Cavalos e Peões ( antigos soldados a pé ).


REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/quem_inventou_o_xadrez.htm

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).