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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

TEXTO 86 - COMO MORREU CAPABLANCA.


Como Morreu o Grande Capablanca
Lincoln Lucena

INTRODUÇÃO

No recente Torneio Internacional de Xadrez "Capablanca in Memorian", versão 2003, em que estive participando representando o Brasil no Torneio Mixto ao lado do Grande Mestre Rafael Leitão, este no Torneio Elite, na cidade de Havana-Cuba, tive a excelente oportunidade de obter junto a alguns enxadristas cubanos dados e informações sobre como foram os últimos momentos do extraordinário Campeão Mundial José Raul Capablanca y Graupera, falecido no dia 08 de março de 1942, na cidade de Nova York.

Todos sabemos que Capablanca nasceu na cidade de Havana em 19 de novembro de 1888, no Castelo do Príncipe e, com apenas 4 anos e meio de idade, demonstrou para uma atônita platéia que já sabia jogar xadrez!

O fato extraordinário, era que Capablanca havia aprendido sozinho, sem que alguém o ajudasse. Aprendeu a jogar apenas observando seu pai e amigos que jogavam amistosamente partidas ao cair da tarde.

A poucos dias deste episódio, jogava com o pai e logo aceito pela roda de enxadristas que se formava, a todos começou a ganhar sem maiores esforços.

O pequeno Capablanca seria sem dúvida, a partir deste maravilhoso momento, para o mundo enxadrístico, o grande campeão que o mundo sempre admirou.

Sem dúvida o jogo de xadrez é um dos mais fascinantes jogos que a humanidade conhece. Já com poucos anos de vida me interessei pelo jogo e fiquei por ele fascinado.

Para mim a fase da partida de xadrez que sempre me atraiu é o final do jogo ou tecnicamente conhecido como "Final". Particularmente através do "Final" pude estudar posições técnicas e formatar meu conhecimento mais profundo sobre toda a idéia estratégica e tática do jogo

Exatamente por esta razão o nome do genial Capablanca sempre foi o nome de vanguarda dentre todos os grandes mestres jogadores de xadrez, a merecer a minha admiração.

Capablanca é reconhecido como o maior finalista do século passado. Com sutileza e maestria simplificava as posições para chegar sempre no "Final" com vantagem, às vezes mínima e superar com técnica perfeita aos seus mais ferrenhos adversários.

Com muito orgulho participei, como convidado da Federação Cubana de Xadrez, de dois eventos Capablanca in Memorian(2001 e 2003) e tive a honra de fazer um discurso diante da tumba de Capablanca no majestoso e belo Cemitério Central de Colón, no dia 8 de março de 2001, quando justa homenagem foi prestada por estudantes, dirigentes e enxadristas ao nobre campeão.

Na oportunidade tive o privilégio de conhecer pessoalmente os netos de Capablanca e sua prima, presentes na ocasião àquela solenidade.

Assim é que, me sinto realmente recompensado como enxadrista e admirador deste formidável campeão do mundo ao registrar como foram seus últimos instantes entre os mortais.

O DIA FINAL

O Dr. Manuel Hernandez Meilán-Neurologista de bastante renome em Cuba, com grande emoção, recordou a meu pedido, além da justa homenagem póstuma, como foi o padecimento cardiovascular hipertensivo, fator determinante da enfermidade cerebrovascular que levou Capablanca à morte. Decisiva para todo o trabalho de pesquisa foi a ajuda do Dr. Steven Dikman, Chefe do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Mount Sinai de Nova York que enviou a fotocópia completa da necropsia de José Raul Capablanca realizada no dia 08 de março de 1942.

A HERANÇA FAMILIAR

Vários membros homens da família de Capablanca padeciam de hipertensão arterial essencial, e a grande maioria havia falecido de infarto cerebral. Conclui-se que hipertensão é de fato um problema genético.

Capablanca, no mesmo ano em que arrebatou o cetro mundial ao Dr. Emmanuel Lasker(1921) em Havana, com apenas 33 anos, já havia começado a apresentar "mal estar sanguíneo" de acordo com os boletins médicos dos doutores que o tratavam naquela oportunidade.

Desde então o super Grande Mestre cubano, afirmava que se sentia melhor em lugares elevados e arejados. Isto deixava transparecer que Capablanca tampouco escapava da herança hipertensica cardiovascular da família.

José Raul Capablanca, seis anos depois, quando tratou de defender seu título de Campeão Mundial frente à Alexander Alekhine, em Buenos Aires, havia aumentado vários quilos, ficando algo gordo, e o calor resultava insuportável para ele.

Em junho de 1929 em Carlsbad, hoje balneário de Karlovy Vary, Capa obteve o segundo lugar no torneio ali celebrado, graças a um esforço supremo que realizou nas últimas rodadas. É exatamente neste lugar que pela primeira vez faz cifras de pressão elevadas e começa a tratar-se com o Dr. Lubomir May. A hipertensão arterial produzia a ele constantes crises de cefaléia(dores de cabeça) e talvez este fato contribuiu para que de maneira inexplicável, perdesse uma peça em plena abertura contra um forte adversário, e isto lhe custasse a partida por volta do lance 60, após árdua luta.

No ano de 1936, apesar de que Capablanca ganhou os torneios Internacionais de Moscou e da cidade de Nottingham(Inglaterra), também apresentou dificuldades intelectuais em algumas partidas, dentre elas aquela mantida com Efim Bogoljubov, em Nottingham, onde seus pensamentos, cálculos e idéias se "apagaram como velas de um bolo" segundo se referiu o próprio Capa em entrevista ao jornal "El Gráfico", de Buenos Aires, em 1939.

O ano de 1938 é fatídico para a velha guarda do xadrez mundial.

Capablanca neste ano apresentava uma hipertensão arterial não suficientemente controlada. Vários mestres de relevo mundial da jovem guarda e ilustres representantes de veteranos astros do tabuleiro internacional se fizeram presentes em Amsterdam-Holanda no famoso torneio AVRO. O evento resultou em uma verdadeira peregrinação por várias cidades holandesas, gerando um efeito negativo, sobretudo para com os mais velhos. Foi um verdadeiro Waterloo para Capablanca, que acabou renegado ao 7º lugar em 8 postos possíveis. Isto é classificou-se em penúltimo lugar!

Na citada entrevista do matutino "El Gráfico" de Buenos Aires, o mestre cubano registra que as cefaléias constantes no torneio lhe causavam muitas dificuldades para concentrar-se depois da quarta hora de jogo. Também que em repetidas oportunidades, tinha que umedecer a cabeça com água gelada para sentir-se aliviado.

Esta crise que vinha apresentando transtornos para o cálculo concreto de variantes, e dificuldade de concentração, não era mais que a repercussão cerebrovascular, de uma hipertensão arterial de largo período, severa e descontrolada.

Felizmente sob o ponto de vista médico em 1939 existe uma boa relação com seu padecimento hipertensivo e vascular cerebral, e a tensão arterial que se mantém dentro de limites aceitáveis, o que permitiu um excelente desempenho no até então chamado "Torneio das Nações"(atualmente Olimpíada) em Buenos Aires, onde defendeu o 1º tabuleiro da equipe cubana, obtendo medalha de ouro, por ser o melhor 1º tabuleiro, apresentando partidas de excelente qualidade.

Jogou de forma elegante e enérgica como nos bons dias de sua juventude. Foi neste torneio sua última apresentação em partidas oficiais.

O ano de 1942 teve para Capa um início pouco aziago, visto que enfrentava dificuldades pessoais e de trabalho.

A hipertensão arterial estava perigosamente descontrolada e em Nova York(para onde foi exercer sua atividade diplomática) a hipertensão arterial chegou a 21/13, caindo em alguns momentos para 18/13.

Capablanca foi para os Estados Unidos recomendado pelo seu médico cubano(Dr. Domingo Gómez) ao Dr. ª Schwartzer de Nova York, porque as cifras subiram muitas vezes para 20 24 por 16!!, cifras estas ocorridas dois dias antes de sofrer a hemorragia intracerebral definitiva.

No fatídico dia 7 de março de 1942, no início da noite, Capablanca tinha uma forte dor de cabeça, que não conseguia aliviar. Avisou a esposa que daria um passeio pelas ruas apesar do frio reinante, para tratar de melhorar. Chegou as 9 da noite no Manhattan Chess Club e quando observava uma partida entre dois aficionados que conhecia, de repente se pôs subitamente de pé e pediu com insistência para que fosse retirado seu abrigo.

De imediato perdeu a consciência e não caiu no solo porque conseguiram segurar a tempo seu corpo quase inerte.

Ali mesmo no Club de Xadrez Manhattan, foi atendido pelo Dr. Eli Moschkovitz que o enviou urgentemente ao Mount Sinai Hospital. Capablanca ao chegar ao hospital já se encontrava em estado de coma.

Além disso, apresentava uma hemiplegia, paralisia esquerda, as pupilas assimétricas, certa assimetria facial, todos os reflexos diminuídos e a pressão arterial 18/14. Foi realizada uma punção lombar que resultou hemorragia hipertensa.

Imediatamente foi internado na sala E, cama 10, com o histórico clínico Nr 486.592. Seu estado de saúde era crítico e irreversível e apesar das urgentes medidas médicas, veio a falecer seis horas depois de sua entrada no Hospital, ou seja, às 6 da manhã do dia seguinte e não às 5:30h como havia aparecido em algumas publicações. Era o dia 08 de março de 1942.

Foi realizada em seguida naquela fria manhã novaiorquina a necropsia completa sob o Nº 2119 pelo Dr Moschkovitz(que o atendeu primeiramente no Clube de Xadrez) e pelos Drs. Prill e Levine, a qual terminou às 10:45h da manhã.

A referida necropsia demonstrou severas alterações arterioscleróticas nos vasos arteriais cerebrais e de todo o organismo, com hemorragia(hematoma) na profundidade do hemisfério cerebral direito(tálamo), com destruição dessas estruturas e inundação total dos ventrículos cerebrais.

A causa fundamental no caso da hemorragia intracerebral que sofreu Capablanca foi o fato de que era portador de uma hipertensão arterial severa e não controlada.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.axbra.com.br/textos/mortecapa.htm

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