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sábado, 3 de dezembro de 2011

TEXTO 87 - ESPORTE: O SER HUMANO EM XEQUE.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
REVISTA VEJA, 6 DE DEZEMBRO DE 2006. PÁGINAS 60 E 62.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

TEXTO 86 - COMO MORREU CAPABLANCA.


Como Morreu o Grande Capablanca
Lincoln Lucena

INTRODUÇÃO

No recente Torneio Internacional de Xadrez "Capablanca in Memorian", versão 2003, em que estive participando representando o Brasil no Torneio Mixto ao lado do Grande Mestre Rafael Leitão, este no Torneio Elite, na cidade de Havana-Cuba, tive a excelente oportunidade de obter junto a alguns enxadristas cubanos dados e informações sobre como foram os últimos momentos do extraordinário Campeão Mundial José Raul Capablanca y Graupera, falecido no dia 08 de março de 1942, na cidade de Nova York.

Todos sabemos que Capablanca nasceu na cidade de Havana em 19 de novembro de 1888, no Castelo do Príncipe e, com apenas 4 anos e meio de idade, demonstrou para uma atônita platéia que já sabia jogar xadrez!

O fato extraordinário, era que Capablanca havia aprendido sozinho, sem que alguém o ajudasse. Aprendeu a jogar apenas observando seu pai e amigos que jogavam amistosamente partidas ao cair da tarde.

A poucos dias deste episódio, jogava com o pai e logo aceito pela roda de enxadristas que se formava, a todos começou a ganhar sem maiores esforços.

O pequeno Capablanca seria sem dúvida, a partir deste maravilhoso momento, para o mundo enxadrístico, o grande campeão que o mundo sempre admirou.

Sem dúvida o jogo de xadrez é um dos mais fascinantes jogos que a humanidade conhece. Já com poucos anos de vida me interessei pelo jogo e fiquei por ele fascinado.

Para mim a fase da partida de xadrez que sempre me atraiu é o final do jogo ou tecnicamente conhecido como "Final". Particularmente através do "Final" pude estudar posições técnicas e formatar meu conhecimento mais profundo sobre toda a idéia estratégica e tática do jogo

Exatamente por esta razão o nome do genial Capablanca sempre foi o nome de vanguarda dentre todos os grandes mestres jogadores de xadrez, a merecer a minha admiração.

Capablanca é reconhecido como o maior finalista do século passado. Com sutileza e maestria simplificava as posições para chegar sempre no "Final" com vantagem, às vezes mínima e superar com técnica perfeita aos seus mais ferrenhos adversários.

Com muito orgulho participei, como convidado da Federação Cubana de Xadrez, de dois eventos Capablanca in Memorian(2001 e 2003) e tive a honra de fazer um discurso diante da tumba de Capablanca no majestoso e belo Cemitério Central de Colón, no dia 8 de março de 2001, quando justa homenagem foi prestada por estudantes, dirigentes e enxadristas ao nobre campeão.

Na oportunidade tive o privilégio de conhecer pessoalmente os netos de Capablanca e sua prima, presentes na ocasião àquela solenidade.

Assim é que, me sinto realmente recompensado como enxadrista e admirador deste formidável campeão do mundo ao registrar como foram seus últimos instantes entre os mortais.

O DIA FINAL

O Dr. Manuel Hernandez Meilán-Neurologista de bastante renome em Cuba, com grande emoção, recordou a meu pedido, além da justa homenagem póstuma, como foi o padecimento cardiovascular hipertensivo, fator determinante da enfermidade cerebrovascular que levou Capablanca à morte. Decisiva para todo o trabalho de pesquisa foi a ajuda do Dr. Steven Dikman, Chefe do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Mount Sinai de Nova York que enviou a fotocópia completa da necropsia de José Raul Capablanca realizada no dia 08 de março de 1942.

A HERANÇA FAMILIAR

Vários membros homens da família de Capablanca padeciam de hipertensão arterial essencial, e a grande maioria havia falecido de infarto cerebral. Conclui-se que hipertensão é de fato um problema genético.

Capablanca, no mesmo ano em que arrebatou o cetro mundial ao Dr. Emmanuel Lasker(1921) em Havana, com apenas 33 anos, já havia começado a apresentar "mal estar sanguíneo" de acordo com os boletins médicos dos doutores que o tratavam naquela oportunidade.

Desde então o super Grande Mestre cubano, afirmava que se sentia melhor em lugares elevados e arejados. Isto deixava transparecer que Capablanca tampouco escapava da herança hipertensica cardiovascular da família.

José Raul Capablanca, seis anos depois, quando tratou de defender seu título de Campeão Mundial frente à Alexander Alekhine, em Buenos Aires, havia aumentado vários quilos, ficando algo gordo, e o calor resultava insuportável para ele.

Em junho de 1929 em Carlsbad, hoje balneário de Karlovy Vary, Capa obteve o segundo lugar no torneio ali celebrado, graças a um esforço supremo que realizou nas últimas rodadas. É exatamente neste lugar que pela primeira vez faz cifras de pressão elevadas e começa a tratar-se com o Dr. Lubomir May. A hipertensão arterial produzia a ele constantes crises de cefaléia(dores de cabeça) e talvez este fato contribuiu para que de maneira inexplicável, perdesse uma peça em plena abertura contra um forte adversário, e isto lhe custasse a partida por volta do lance 60, após árdua luta.

No ano de 1936, apesar de que Capablanca ganhou os torneios Internacionais de Moscou e da cidade de Nottingham(Inglaterra), também apresentou dificuldades intelectuais em algumas partidas, dentre elas aquela mantida com Efim Bogoljubov, em Nottingham, onde seus pensamentos, cálculos e idéias se "apagaram como velas de um bolo" segundo se referiu o próprio Capa em entrevista ao jornal "El Gráfico", de Buenos Aires, em 1939.

O ano de 1938 é fatídico para a velha guarda do xadrez mundial.

Capablanca neste ano apresentava uma hipertensão arterial não suficientemente controlada. Vários mestres de relevo mundial da jovem guarda e ilustres representantes de veteranos astros do tabuleiro internacional se fizeram presentes em Amsterdam-Holanda no famoso torneio AVRO. O evento resultou em uma verdadeira peregrinação por várias cidades holandesas, gerando um efeito negativo, sobretudo para com os mais velhos. Foi um verdadeiro Waterloo para Capablanca, que acabou renegado ao 7º lugar em 8 postos possíveis. Isto é classificou-se em penúltimo lugar!

Na citada entrevista do matutino "El Gráfico" de Buenos Aires, o mestre cubano registra que as cefaléias constantes no torneio lhe causavam muitas dificuldades para concentrar-se depois da quarta hora de jogo. Também que em repetidas oportunidades, tinha que umedecer a cabeça com água gelada para sentir-se aliviado.

Esta crise que vinha apresentando transtornos para o cálculo concreto de variantes, e dificuldade de concentração, não era mais que a repercussão cerebrovascular, de uma hipertensão arterial de largo período, severa e descontrolada.

Felizmente sob o ponto de vista médico em 1939 existe uma boa relação com seu padecimento hipertensivo e vascular cerebral, e a tensão arterial que se mantém dentro de limites aceitáveis, o que permitiu um excelente desempenho no até então chamado "Torneio das Nações"(atualmente Olimpíada) em Buenos Aires, onde defendeu o 1º tabuleiro da equipe cubana, obtendo medalha de ouro, por ser o melhor 1º tabuleiro, apresentando partidas de excelente qualidade.

Jogou de forma elegante e enérgica como nos bons dias de sua juventude. Foi neste torneio sua última apresentação em partidas oficiais.

O ano de 1942 teve para Capa um início pouco aziago, visto que enfrentava dificuldades pessoais e de trabalho.

A hipertensão arterial estava perigosamente descontrolada e em Nova York(para onde foi exercer sua atividade diplomática) a hipertensão arterial chegou a 21/13, caindo em alguns momentos para 18/13.

Capablanca foi para os Estados Unidos recomendado pelo seu médico cubano(Dr. Domingo Gómez) ao Dr. ª Schwartzer de Nova York, porque as cifras subiram muitas vezes para 20 24 por 16!!, cifras estas ocorridas dois dias antes de sofrer a hemorragia intracerebral definitiva.

No fatídico dia 7 de março de 1942, no início da noite, Capablanca tinha uma forte dor de cabeça, que não conseguia aliviar. Avisou a esposa que daria um passeio pelas ruas apesar do frio reinante, para tratar de melhorar. Chegou as 9 da noite no Manhattan Chess Club e quando observava uma partida entre dois aficionados que conhecia, de repente se pôs subitamente de pé e pediu com insistência para que fosse retirado seu abrigo.

De imediato perdeu a consciência e não caiu no solo porque conseguiram segurar a tempo seu corpo quase inerte.

Ali mesmo no Club de Xadrez Manhattan, foi atendido pelo Dr. Eli Moschkovitz que o enviou urgentemente ao Mount Sinai Hospital. Capablanca ao chegar ao hospital já se encontrava em estado de coma.

Além disso, apresentava uma hemiplegia, paralisia esquerda, as pupilas assimétricas, certa assimetria facial, todos os reflexos diminuídos e a pressão arterial 18/14. Foi realizada uma punção lombar que resultou hemorragia hipertensa.

Imediatamente foi internado na sala E, cama 10, com o histórico clínico Nr 486.592. Seu estado de saúde era crítico e irreversível e apesar das urgentes medidas médicas, veio a falecer seis horas depois de sua entrada no Hospital, ou seja, às 6 da manhã do dia seguinte e não às 5:30h como havia aparecido em algumas publicações. Era o dia 08 de março de 1942.

Foi realizada em seguida naquela fria manhã novaiorquina a necropsia completa sob o Nº 2119 pelo Dr Moschkovitz(que o atendeu primeiramente no Clube de Xadrez) e pelos Drs. Prill e Levine, a qual terminou às 10:45h da manhã.

A referida necropsia demonstrou severas alterações arterioscleróticas nos vasos arteriais cerebrais e de todo o organismo, com hemorragia(hematoma) na profundidade do hemisfério cerebral direito(tálamo), com destruição dessas estruturas e inundação total dos ventrículos cerebrais.

A causa fundamental no caso da hemorragia intracerebral que sofreu Capablanca foi o fato de que era portador de uma hipertensão arterial severa e não controlada.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.axbra.com.br/textos/mortecapa.htm

TEXTO 85 - O jogo de xadrez na educação da matemática .

Introdução

Deve-se entender jogo como uma atividade que obedece ao impulso mais profundo e básico da essência animal, sendo considerado como um comportamento primário na espécie humana (SCHWARTZ, 2004). Esta atividade tem inicio na vida com os mais elementares movimentos, evoluindo até dominar a enorme complexidade do corpo humano. Diversos pesquisadores centraram a atenção na reflexão sobre o jogo e, embora tangenciando esta temática, em função de focalizar os aspectos gerais do desenvolvimento humano, muito contribuiu na perspectiva de identificação dos estágios maturacionais em relação ao jogo.

Segundo Piaget, os primeiros jogos com os quais a criança tem contato são os chamados jogos de exercício. A transição dos jogos de exercícios para os simbólicos marca o inicio de percepção de representações exteriores e a reprodução de um esquema sensório-motor. Pode-se dizer que o jogo simbólico exercita a imaginação.

Ao alcançar o período das operações concretas, a criança torna-se capaz de jogar atendo-se a normas. Surgem, então, os jogos de regras, para os quais ela terá que abandonar a arbitrariedade que governava seus jogos, adaptando-se a um código comum, podendo ser criado por iniciativa própria ou por outras, mas que deverá acatar limites, porque a violação das regras traz consigo uma conseqüência, muitas vezes negativa.

Isto ajudará a criança a aceitar o ponto de vista das demais, a limitar sua própria liberdade em favor dos outros, a ceder, a discutir e a compreender, este aspecto é necessário ao ser humano. Quando se praticam jogos de grupo, a experiência se engrandece, já que a solidariedade é agregada à vida da criança, surgindo, assim, os primeiros sentimentos morais e a consciência de grupo.

A partir disto torna-se essencial notar o valor educativo inegável que a prática lúdica possui. Roger Cousinet (1945) defende que o jogo é a base do Método Pedagógico Cousinet de trabalho em grupo, assim o jogo e a brincadeira, eram atividades naturais da criança e portanto, a atividade educativa deveria ser fundamentada nessas atividades, considerando a criança como ela é e não como o adulto que deverá vir a ser. Muitos psicólogos, como Édouard Claparède (1903), psicólogo e educador suíço que acreditava no jogo como um modelo educativo, afirmam que os primeiros anos são os mais importantes na vida do homem, sendo o jogo a atividade central manifestada.

Alguns professores cometem o erro de não valorizar a atividade lúdica, não extraindo o que ela contém de educativo. Pode-se sentir na criança que o seu ingresso na escola é algo muito diferente de tudo que ela fez até então, que terá obrigações a cumprir, que sua vida dedicada ao jogo terá uma mudança brusca.

Aprender a diferenciar o que significa o jogo para o adulto e para a criança é, justamente, o grande desafio. Normalmente, o jogo é uma atividade realizada para preencher horas vazias, isto na visão do adulto. Para as crianças, no entanto, brincar é todo um compromisso pelo qual lutam e se esforçam.

Em todas as instituições, como na família ou na escola, parece haver um valor equivocado impresso com relação ao jogo, merecendo este um novo redimensionamento em todos os níveis de desenvolvimento humano.

Diversas são as opções apresentadas pelo fenômeno do jogo e, por sua amplitude, neste estudo o foco será direcionado apenas ao jogo de xadrez, porque este pode ensinar as crianças o mais importante na solução de um problema, que é saber olhar e entender a realidade que se apresenta.

É interessante notar que definir xadrez torna-se uma tarefa complexa, visto que o esporte aborda diversas áreas das expressões humanas. Muito oportuna foi a colocação do famoso poeta, romancista e cientista alemão GOETHE (1786), afirmando que "O xadrez é a ginástica da inteligência".

MELÃO JÚNIOR (1998) refere-se, também, ao xadrez, de forma ainda mais ampla e poética. Para esse autor:

" O xadrez não passa de um punhado de tocos de pau, dispostos sobre uma tábua quadriculada, situada entre duas criaturas incompreensivelmente absortas, que, dominadas por uma espécie de autismo, desperdiçam inutilmente seu tempo, olhando para este brinquedo sem graça, enquanto o mundo ao seu redor pode desmoronar sem que se apercebam disso. Esta é a interpretação do homem vulgar, insensível e apático; incapaz de enxergar as essências, homem que se conforma com uma visão superficial das coisas e se deixa seduzir pelas aparências de outras atividades menos belas e eloqüentes. Para o homem mediano, o xadrez é um mero acessório, útil tão somente porque contribui para desenvolver diferentes faculdades mentais, melhorando o desempenho escolar nas crianças, intensificando a acuidade mental nos adultos e preservando por mais tempo a agilidade mental nos idosos. Porém, para o homem espirituoso, criativo e empreendedor, o xadrez é uma das mais ricas fontes de prazer, um meio no qual se encontram elementos para representar as mais admiráveis concepções artísticas, um campo pelo qual a imaginação pode voar livremente, produzindo, com encantadora beleza, idéias deliciosamente sutis e originais. O xadrez é uma das raras e preciosas atividades em que o homem pode explorar ao fundo suas emoções, atingindo estados de prazer tão sublimes, tão ternos, tão intensos, que só podem ser igualados pelas sensações proporcionadas pelo amor e pela música".

O jogo de xadrez possui características importantes, as quais podem desenvolver habilidades em diversos níveis. Sobre o aspecto do raciocínio lógico, no jogo de xadrez, a criança passa a ter contato com diversos exercícios que lhe são propostos, nos quais ela deve buscar a melhor combinação dos lances a serem realizados, tendo a sua frente inúmeras possibilidades. Isto resultará em um ganho, podendo ser material (peças) ou posicional (deixando com uma posição que reverterá para a vitória).

Borin (1996) afirma que os jogos auxiliam também na descentralização, que consiste em desenvolver a capacidade de ver algo a partir de um ponto de vista que difere do seu, bem como potencializa a linguagem, a criatividade e raciocínio dedutivo, exigidos na escolha de uma jogada e na argumentação necessária durante a troca de informações. Grau (1973) ressalta que numa partida de xadrez são exercitadas duas visões de grande importância para o desenvolvimento da capacidade de abstração: a visão imediata e a visão mediata.

Quando a criança está jogando, ela deve sempre verificar qual o melhor lance a ser realizado naquela posição, este número de lances cresce de acordo com as jogadas, a criança passa, após certo tempo de prática, a descartar algumas possibilidades já estudas e, com isso, agiliza sua análise contemplando apenas as possibilidades mais viáveis. Isto reforça a habilidade de observação, de reflexão, de análise e de síntese.

Durante a partida de xadrez, o enxadrista depara-se com mais de um caminho a seguir, deve estar sempre pronto a verificar o lance a ser feito e saber que aquela decisão pode mudar totalmente o destino daquela partida. Neste sentido, a criança desenvolve habilidades e hábitos necessários à tomada de decisões.

Não basta, no entanto, o aluno saber solucionar o problema ou o exercício proposto, analisando apenas uma parte do tabuleiro. É de extrema importância que ele seja capaz de ver o tabuleiro como um todo, sabendo que as peças não devem ser vistas isoladamente, mas sim, que as mesmas fazem parte de um contexto geral, em que uma depende da outra para se atingir o então almejado xeque-mate. Esta característica evidencia um aprimoramento da compreensão e na solução de problemas pela análise do contexto geral.

No jogo de xadrez, apesar deste ser praticado em dupla, cada enxadrista terá que tomar a decisão sobre a jogada individualmente, o que favorece a autoconfiança nas decisões. Mesmo nas competições por equipe, cada jogados tem o seu tabuleiro, não havendo possibilidade de ser orientado durante a partida, cabe a ele tomar as decisões e arcar com os resultados obtidos.

A participação de crianças no jogo do xadrez vem aumentando no decorrer dos anos, sendo que, em muitos países, a prática do xadrez faz parte do currículo escolar. Quando bons hábitos são desenvolvidos desde a infância, é provável que estes sejam assimilados mais facilmente e mantidos para o resto da vida do indivíduo. Logo, o aprendizado do xadrez torna-se viável nesta fase, devido a sua enorme abrangência educacional, social e psicológica.

A contribuição que o jogo de xadrez pode dar à educação e, em especial à educação matemática, é inegável, tendo em vista todos os aspectos positivos elencados anteriormente ao longo do texto.

Quando a criança está jogando uma partida de xadrez, é necessário que utilize muito raciocínio, para que possa colocar em prática o seu plano estratégico, o qual deve ser escolhido após uma longa análise da posição e verificação da eficácia, por isso, há necessidade de muita concentração e atenção. Isso contribui para que a criança adquira facilidade em raciocínio lógico, o que é contemplado com freqüência em questões matemáticas.

É importante ressaltar que os jogadores necessitam de muita concentração durante as partidas, pois é um momento de reflexão posicional, na qual uma pequena falha pode levá-lo à perda de sua partida. Pode-se relacionar este fato ao sucesso ou insucesso referentes à resolução de problemas matemáticos, uma vez que, com certa freqüência, o indivíduo encontra-se em situações que precisam ser resolvidas da melhor maneira, em determinado tempo e local, nem sempre favoráveis ao aspecto de concentração, para que, mais tarde, resulte em boas conseqüências.

Este aspecto pode ser treinado por meio das estratégias do jogo do xadrez, tendo em vista algumas semelhanças destas situações com aquelas vivenciadas na escola.

Outro ponto interessante na prática do xadrez é o fato dos enxadristas precisarem anotar as partidas realizadas, para que seja feita, ao término da partida, uma análise dos lances executados. A anotação algébrica parte do pressuposto que todas as casas do tabuleiro sejam nomeadas com letras e números, podendo ser comparado ao plano cartesiano, no qual as crianças devem localizar, nas retas, as coordenadas e marcar os pontos.

Sá (1988) ressalta que a estratégia do ensino é muito próxima da do jogo de xadrez, onde a dialética e a autocrítica ocupam um lugar primordial e onde o vencido se enriquece mais que o vencedor. Do ponto de vista moral, o xadrez pode promover a conduta ética através da experiência do ganhar e do perder, que pode ser aproveitada pelo professor através da análise de partidas comentando erros e acertos.

No xadrez, entretanto, muitas vezes, estes dados não estão marcados no tabuleiro, sendo necessário que eles memorizem as coordenadas iniciais, sendo a memória ou a capacidade de memorização, outro fator importante, tanto no jogo de xadrez, como para as tarefas matemáticas.

O jogo de xadrez requer do enxadrista muita atenção, pois há necessidade de ver um plano abstrato, imaginando-se as jogadas a serem realizadas, sem que as peças sejam tocadas, com isso, a criança começa a adquirir o hábito de pensar sempre antes de estar realizando qualquer ação, em um processo de antecipação. Isto ocorre, não apenas no momento em que se está jogando, mas passa a refletir nos diversos aspectos do cotidiano, especialmente no que concerne às tarefas matemáticas.

Quantas vezes notam-se crianças fracassando em matemática, por exemplo, por não entenderem o enunciado de um problema, por não saberem o que elas precisam estar fazendo, ou por não terem condição de traçar estratégias mentais capacidades de apontar para uma possível solução.

O xadrez, neste sentido, contribui muito, ao mostrar que deve ser feita, inicialmente, uma longa análise da situação, organizando-se os dados retirados do enunciado e, até mesmo, aqueles correspondentes às respostas.

Geralmente, as crianças não sabem utilizar a capacidade de análise, por não terem sido treinadas para isto, uma vez que, apenas, aprendem fórmulas de memorização. Quando se defrontam com textos diferentes, ficam inseguras e não conseguem encontrar facilmente a resposta correta.

É preciso conseguir que as crianças encontrem seu próprio sistema de ação e, para isso, deve-se evitar as soluções mecanizadas, implementando as possibilidades de análise das situações.

Com relação à análise combinatória e ao cálculo de probabilidades, o xadrez muito pode contribuir, pois, no decorrer da partida, o jogador deve ser capaz de calcular com exatidão a manobra que realizará com suas peças, para que depois possa escolher qual o caminho mais rápido e eficaz a ser seguido, para obter maior sucesso. Faz-se necessário observar também as prováveis jogadas do adversário, procurando sempre o melhor lance que poderia ser realizado, antecipando a própria jogada do adversário, pois, assim, a criança não será surpreendida.

O jogador deve ser capaz de disciplinar ou aprender a controlar suas emoções, pois se estiver abalado ou sem autocontrole está sujeito a interferir no jogo de maneira que seu potencial fique muito abaixo de sua força real. O aluno, durante a partida, precisa poder resistir à tensão da pressão do tempo, que provoca inúmeras inquietações e, quando o resultado é um erro que o leva à derrota numa partida que estava quase ganha, este deve aceitar a situação.

Nas situações da matemática, este autocontrole emocional também precisa ocorrer e é, muitas vezes decisivo, para que o aluno encontre lucidez para discernir sobre a melhor resposta e o melhor encaminhamento do problema, com possibilidade, inclusive de falhar, ainda que soubesse o resultado ou o modo de resolvê-lo.

Todos estes elementos citados podem ser devidamente preparados durante o treinamento de xadrez, para que se possa contribuir efetivamente para a melhoria na atuação de crianças frente aos desafios da educação matemática.

Para que se pudesse ampliar as reflexões sobre as bases científicas destas afirmações, este estudo centrou a atenção em procurar identificar os aspectos que melhor podem ser trabalhados, quando se relaciona as vivências do jogo de xadrez e a educação matemática, tendo em vista a escassez de literatura a este respeito.

Método

Este estudo, de natureza qualitativa, teve como objetivo observar e analisar o desempenho de crianças que estavam sendo apresentadas à prática do xadrez pela primeira vez e verificar os benefícios advindos desta experiência na perspectiva de promover o xadrez como recurso auxiliar na implementação da educação matemática. O estudo foi desenvolvido em duas etapas, sendo a primeira referente a uma revisão de literatura sobre as temáticas em questão e a segunda relativa a uma pesquisa exploratória, utilizando-se como instrumento para a coleta de dados a observação.

Para o desenvolvimento da pesquisa exploratória, primeiramente, foi realizado um Curso de Xadrez para iniciantes, compreendendo alunos matriculados na 2ª série do Ensino Fundamental e observado a evolução dos alunos durante estas aulas, bem como o estreitamento deste aprendizado com a educação matemática.

O projeto foi desenvolvido durante um período de 5 meses consecutivos, com um grupo de 26 crianças, alunos da 2ª série do ensino fundamental de escola da rede particular da cidade de Rio Claro, SP, com faixa etária entre 8 e 9 anos.

O curso foi oferecido de forma extracurricular, matriculando-se apenas aqueles que realmente se interessam pela prática do xadrez. As aulas centravam-se em duas vezes por semana, com duração de 1 hora, visto que a criança nesta idade tem dificuldades em se concentrar durante um período longo.

Para a observação foram tomados como indicadores de análise: atenção, concentração, observação, analise e síntese, criatividade.

Os dados foram analisados de forma descritiva, indicando que, em relação ao primeiro indicador, referente ao aspecto da atenção, as crianças que participavam das aulas de xadrez passaram a estar mais atentas, tanto durante o jogo em si, como em sala de aula, tendo maior agilidade em resolver contas matemáticas e podendo realizar tarefas habituais e simples da sala de aula com maior facilidade.

Com relação ao aspecto da concentração, notou-se que em diversas oportunidades as crianças se mostravam mais centrados na atividade que estavam realizando. Outro aspecto positivo com relação a este tema vem do fato de conseguirem realizar leituras dos enunciados dos problemas sem dispersar, mesmo o texto sendo longo.

Com relação a fatores cognitivos versam sobre o tema os psicólogos da Universidade de Gand, CHRISTIAEN e VERHOFSTADT (1981), que investigando a influência do xadrez no desenvolvimento cognitivo, observaram que alunos do grupo experimental ao nível de 5º série, que receberam aulas de xadrez durante dois anos, obtiveram resultados significativamente superiores em testes cognitivos do tipo proposto por PIAGET, do que os alunos do grupo controle que não as receberam. Dentro deste contexto verifica-se que a observação e o poder de síntese e análise das crianças resultaram em grande melhoria.

Para VYGOTSKY (1933), que afirmou "embora no jogo de xadrez não haja uma substituição direta das relações da vida real, ele é sem duvida, um tipo de situação imaginária". Conforme propõe este psicólogo, através da aprendizagem do xadrez, a criança estaria elaborando habilidades e conhecimentos socialmente disponíveis, podendo contribuir com a auto-estima.


Considerações finais

Verificou-se que passado o primeiro semestre letivo de 1999, os alunos concluíram a fase de iniciação ao xadrez e encontravam-se aptos a jogar, com certa firmeza, e a decidir sobre suas posições sem a intervenção de outras pessoas.

Foi algo muito positivo verificar que a estrutura e seqüência das aulas foi bem recebida pelos alunos e tão associada no decorrer das aulas. Pois apesar da idade dos enxadristas, 8 anos, as aulas que continham assuntos abstratos foi trabalhado sem muitas dificuldades.

O presente estudo teve por objetivo pesquisar qual a influencia da pratica do jogo de xadrez com relação a educação m,atemática, o que obtive sucesso visto que no decorrer dos relatos notou-se um grande estreitamento entre ambos.

Por fim, o jogo de xadrez pode ser visto como o lúdico dentro da educação matemática e auxiliar, devido ao desenvolvimento cognitivo que possibilita aos enxadristas.

Referências bibliográficas

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BECKER, Idel. Manual de Xadrez. 7ª edição. São Paulo: Ed. Nobel, 1978.
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BINET, Alfred. Psychologie dês Grands Calculateurs et Jouers d'échecs. Paris: Ed. Hachette, 1894.
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CHRISTIAEN, Johansen; VERHOFSTADT, Lebut. Xadrez e Desenvolvimento Cognitivo. Amsterdan, v.36, 1981.
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DA SILVA, Wilson; TIRADO, Augusto. Meu Primeiro Livro de Xadrez. Curitiba: Ed. Expoente, 1995.
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DIAKOV, Irvin; PETROVSKY, Norbert; RUDIK, Paulsen. Psychologija v Sachmatnoj Igri. Moscou, 1926.
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GOETHE, Johann. Uma Aventura no Mundo do Xadrez. Disponível em:
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GROOT, Antun. Het Denken van den Schaker: Een Experimenteel Psychologische Studie, Amsterdan, 1946.
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MELÃO JÚNIOR, Hindemburgo. Tributo à Deusa Caissa. Disponível em: http://www.terravista.pt/Enseada/2502/Tributo2.htm - Acesso em: 20 mar. 2002.
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SA, Antonio. O Xadrez e a Educação: Experiências nas Escolas Primárias e Secundárias da França. Rio de Janeiro, 1988.
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VYGOTSKY, Lev. A Formação Social da Mente. São Paulo: Fontes, 1989.
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Rezende, Sylvio. Xadrez na Escola: uma abordagem didática para principiantes. Editora Ciência Moderna, 2002.
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Rodrigues Neto, Antonio. Dissertação (Mestrado). Geometria e Estética: Experiências com o jogo de xadrez. São Paulo: s.n, 2003
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Christofoletti, Danielle Ferreira Auriemo. A prática escolar de xadrez e o jogo na Educação Matemática no Ensino Fundamental. Monografia conclusão do curso de licenciatura em Pedagogia. UNESP-campus Rio Claro, 1999.
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Lasker, Edwad. História do Xadrez. Editora IBRASA, 2° Ed. 1999.
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Huizinga, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2º edição, 1990, tradução: João Paulo Monteiro.
*

SCHWARTZ, Gisele Maria. O processo educacional em jogo: algumas reflexões sobre a sublimação do lúdico. LICERE, v.1, n.1, 1998, p. 66-76

Outro artigos em Portugués

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.efdeportes.com/efd80/xadrez.htm

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

TEXTO 84 - O GÊNIO MORA AO LADO.

O gênio mora ao lado
Janeiro de 2006 - Felipe Betschart

Parte desta reportagem foi publicada no jornal "O Atibaiense",
edição 7.569, de 14 de janeiro de 2006



Pertinho de Atibaia, na cidade vizinha de Bom Jesus dos Perdões, mora uma pessoa, no mínimo, especial. Quantas pessoas conseguem, por exemplo, bater um recorde mundial de xadrez e, ao mesmo tempo, ser capazes de se perder completamente ao fazer pequenos trajetos a pé pelas ruas de uma cidade? Estamos falando de Hindemburg Melão Jr., o “Guinho”, um paulistano de 33 anos que deixou de boca aberta jogadores de xadrez do Brasil e do mundo no ano de 1997. Em uma simultânea (modalidade em que uma pessoa joga contra vários adversários ao mesmo tempo), ao chegar em determinada posição em uma das partidas, Melão calculou uma seqüência na qual daria xeque-mate em 12 lances, mesmo que seu adversário jogasse da melhor maneira possível. Quem joga xadrez sabe que fazer previsões tão “distantes” num jogo não é uma tarefa fácil. Mas o incrível não foi o fato de ele “enxergar” o xeque-mate em 12 lances. O que intrigou enxadristas de todos os cantos do mundo foi que Melão estava jogando sem ver os tabuleiros, ou seja, jogava às cegas! A façanha, que aconteceu no Clube de Xadrez de São Paulo, entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes (páginas 110 e 111 da edição de 1998), como “recorde mundial de xeque-mate anunciado mais longo em simultânea de xadrez às cegas”.

Ainda no xadrez, Melão se destacou também como analista de partidas. Um de seus trabalhos foi considerado um dos dez melhores do mundo em eleição feita pelo júri do Informador Sahovski. O Informador Sahovski é o principal periódico internacional de Xadrez, publicado na ex-Iugoslávia e comercializado em praticamente todos os países. O ex-campeão mundial (1975-1985) Anatoli Karpov, em seu livro “Mosaico Enxadrístico”, faz a seguinte referência ao Informador Sahovski: “Nele se publicam as partidas mais brilhantes, mais belas e de aspecto teórico mais significativo de todas as competições celebradas no planeta durante o período dado (quadrimestre)”. Em outras palavras: as análises de Melão figuraram entre as dez novidades teóricas mais importantes para o avanço do entendimento do jogo. Além disso, Melão é recordista mundial de xeque-mate anunciado mais longo em Xadrez Epistolar (xadrez por correio), cuja análise integral foi publicada na Grécia e teve notas publicadas na França, Finlândia, Estados Unidos, Bélgica, Holanda e Dinamarca.

Outras atividades

Não é só de xadrez que Melão entende, absolutamente. Ele é autodidata e não possui formação acadêmica (cursou Física na USP por apenas quatro meses), mas é autor de trabalhos considerados inovadores em diversos campos do conhecimento. Em Psicologia, criou o Sigma Test, atualmente disponível em 14 idiomas, publicado em sete revistas internacionais e reconhecido como exame para admissão em dezenas de associações culturais de vários países. O Sigma Test é usado, por exemplo, para avaliar Ph. D.s (cientistas, filósofos) e pós-doutorados de algumas das principais universidades do mundo, como Oxford, Harvard, Helsinque, Bruxelas, etc. Também é autor do Sigma Test VI, mais difícil que o Sigma Test e disponível em oito idiomas.

Melão é autor também de um aprimoramento no método usado pela NASA para calcular as distâncias às estrelas, de uma correção na fórmula usada para cálculo de IMC (quantidade de gordura no corpo), de uma melhoria na Teoria da Evolução de Darwin e Wallace e ainda é autor de um método (que se tornou tema de palestras) para aumentar as notas em provas, vestibulares e concursos, entre outras. Se isso já não bastasse, é autor de diversas inovações em ferramentas estatísticas usadas em Psicologia e Economia, entre outras que podem ser encontradas na Internet ou impressos.

O Sigma Test está disponível na Internet, onde é possível encontrar artigos que descrevem o processo de padronização e as propriedades psicométricas, além de uma lista com dezenas de depoimentos de proeminentes intelectuais de vários países, sobre as impressões que tiveram ao serem examinados com este teste.

O artigo sobre IMC foi ampliado e em breve deverá ser publicado em forma de livro. O artigo sobre Evolução das Espécies também deverá ser publicado em forma de livro em parceria com José Antonio Francisco. O método para melhorar as notas foi condensado em forma de palestra.

De quanto é o seu QI?

No dia 18 de dezembro do ano passado, o programa Fantástico, da rede Globo, fez uma reportagem com Melão e outros “superdotados”. A matéria falava justamente de pessoas de alto QI (Quociente de Inteligência), que tinham facilidade em áreas específicas. Dentre os que apareceram na reportagem, Melão foi o segundo a ter o QI mais alto, perdendo apenas para Einstein, o pai da Teoria da Relatividade.

Pela classificação de Terman (a mais tradicional), uma pessoa “normal” tem QI entre 90 e 110, e uma pessoa com QI 140, ou acima, é considerada “gênio”. Para medir QIs até 135, basta ir a uma clínica, fazer um teste aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia e, em cerca de uma hora, a pessoa recebe o resultado. Para medir QIs acima de 135, existem os chamados “hard tests” (testes difíceis), que são muito mais difíceis e podem medir corretamente QIs até cerca de 150 ou 160. Para medir QIs acima de 160 não existem testes apropriados, e a determinação do QI é feita por estimativa baseada na produção intelectual.

O número em si não representa nada, a menos que seja citada a escala em que o teste está baseado e isso se o critério de adequação para aplicação for atendido. Einstein, por exemplo, obteve escore 156 em um teste baseado em escala Wechsler, enquanto o Melão obteve 159 num teste baseado na mesma escala. Porém, conforme explica Melão, isso não significa que ele seja mais inteligente do que Einstein, porque o teste de Wechsler não é apropriado para medir QIs nesse nível. O correto nesses casos é recorrer a estimativas baseadas em produção intelectual.
No caso do Melão, duas autoridades internacionais no assunto fizeram estimativas de seu QI: Baran Yonter, da Turquia, presidente da Pars Society (grupo para pessoas com QI acima de 180 pela escala Stanford-Binet) e Alexandre Prata Maluf, membro de três sociedades internacionais para pessoas com QI acima de 180 (Pars, Olympiq e Sigma V).

Na estimativa de Baran, o QI de Melão é cerca de 200 pela escala Stanford-Binet e 250 pela escala Cattell. A estimativa de Alexandre é numericamente muito diferente, mas convém chamar a atenção para um fato importante: Alexandre é extremamente rigoroso em suas avaliações, a ponto de estimar o próprio QI em 169 pela escala Stanford-Binet, embora seja, assim como Melão, membro de três sociedades para pessoas com QI acima de 180. Para Alexandre, o QI de Marilyn vos Savant, registrada no Guinness Book de 1990 como a pessoa com QI mais alto do mundo, é de 177 pela escala Stanford-Binet. Estima o QI de Melão como igual ao da Marilyn, em 177 pela escala Stanford-Binet. Segundo sua estimativa, o QI de Christopher Michael Langan é de 183, sendo que Langan, em 2000, reivindicava ter o QI mais alto das Américas. Por fim, Alexandre afirma que o QI de Einstein é de 196 (244 pela escala Cattell).

Profissão

Questionado sobre suas atividades profissionais, Melão responde: “Já trabalhei em circo (Cybercops) na época em que estava em boa forma. Foi divertido usar minha experiência em artes marciais de forma produtiva, mas quando tive que vestir a mesma fantasia que tinha sido usada pela turma da manhã, uma fantasia que ‘não via’ água e sabão há um bom tempo, percebi que não tinha muita vocação para aquilo”, contou.

Melão já deu aulas particulares de Física, Matemática e Xadrez. “Já ganhei algum dinheirinho com cursos de Xadrez, jogando torneios, simultâneas, fazendo análises e outros serviços ligados ao Xadrez”. Ele também já foi vendedor e prestou consultoria sobre criação de textos publicitários, criação e padronização de testes cognitivos e personalógicos, sobre gestão de risco e Business Intelligence.

“Aos poucos fui selecionando as atividades que me interessavam e também descobri algumas outras para as quais tenho alguma facilidade e que são razoavelmente rentáveis”, explicou. “Atualmente faço aplicações, tanto com recursos próprios como também de terceiros. Ofereço consultoria, ministro palestras e cursos e aplico testes de inteligência na Sigma Society”, afirmou.

No caso de investimentos, antes de “dar a cara para apanhar”, Melão ficou um tempo no Folhainvest, maior simulador do Brasil, que atualmente conta com 105 mil participantes. No primeiro mês, ele ficou acima de 97%. No mês seguinte, se saiu melhor que 99,92% dos participantes. Em dezembro de 2005, esteve acima de 99,98% e o ganho foi de 60% (a classificação está disponível em http://emacao.folha.uol.com.br).

“Investir é uma atividade divertida, especialmente em derivativos, que são muito mais voláteis e oferecem melhores perspectivas de ganhos, mas acho mais desafiador, do ponto de vista intelectual, aprimorar as ferramentas estatísticas usadas para apoio aos processos decisórios”, disse. Mas o que realmente mais interessa a Melão no momento são palestras, “pelo agradável contato com pessoas empenhadas em crescer pessoalmente e profissionalmente”.

Uma bússola talvez ajudasse

“Sim, é verdade. Quando era adolescente Guinho se perdeu por várias vezes andando pela rua”, contou Dona Linai Helena Barbosa, mãe do rapaz. “Eu, minha irmã e meu marido tínhamos sempre que buscá-lo perdido em algum lugar”. Atualmente, Melão consegue controlar um pouco esse problema. “Evito pensar em outros assuntos enquanto caminho”, disse. Até agora – pelo menos é o que diz – ele não se perdeu em Bom Jesus dos Perdões, nem em Atibaia. “Mas no trajeto de nossa casa até a de sua prima Luciah, o Guinho acabou ziguezagueando e demorou quase meia hora a mais do que seria necessário se seguisse o caminho mais curto”, contou Dona Linai.

Sigma Society

Mais informações sobre Melão e suas atividades podem ser encontradas no site da Sigma Society (www.sigmasociety.com). Sigma é uma associação cultural multidisciplinar fundada por Melão em 1999, que atualmente conta com membros de 40 países de seis continentes. É dividida em cinco segmentos: II, III, IV, V e VI, sendo este último um grupo cujos quesitos para admissão são extremamente rigorosos, com corte teórico de 1 em 1.000.000.000 (um em um bilhão) e provável corte real estimado em cerca de 1 em 1.000.000 (um em um milhão).

Sigma VI reivindica ser a sociedade intelectual mais exclusiva do mundo. A sociedade registrada no Guinness de 1990 como mais exclusiva até então era Mega Society, fundada por Ronald Kent Roeflin, dos Estados Unidos, em 1982, com corte teórico de 1 em 1.000.000 e provável corte real em torno de 1 em 20.000. Desde 1997, Giga Society, fundada por Paul Cooijmans, da Holanda, também reivindica o recorde de mais exclusiva, com corte teórico de 1 em 1.000.000.000 e provável corte real estimado em cerca de 1 em 50.000.

REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/melao_materia.htm

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 83 - Enxadrista Mequinho volta a ganhar título no exterior.



MEQUINHO.

No início dos anos 70, ele dividia o Olimpo do esporte brasileiro com Pelé e Emerson Fittipaldi. No final daquela década, quase morreu, vítima de uma doença neuromuscular. Curou-se e, agora, retoma o caminho das conquistas que não conhecia há 30 anos.

Henrique da Costa Mecking, 54, o Mequinho, ganhou no último domingo o Torneio de Lodi, na Itália, onde superou 70 enxadristas (entre eles, oito Grandes Mestres), de 22 países.

Mequinho somou sete pontos em nove jogos, conquistando seu primeiro título no exterior desde 1976, quando faturou o Interzonal de Manila, nas Filipinas. Chegou a ser o terceiro no ranking mundial em 1978, atrás só dos russos Anatoly Karpov e Viktor Korchnoi.

Mequinho foi tema até de música. Raul Seixas, em "Super-Heróis", do álbum "Gita", de 1974, cantava: "Quem é que no Brasil não reconhece o grande trunfo do xadrez? / Saí pela tangente disfarçando uma possível estupidez / Corri para um cantinho para dali sacar o lance de mansinho.../ Advinha quem era? / Mequinho!"
Emocionado com o triunfo, Mequinho recorreu ao passado para explicar sua nova fase. "Nós, brasileiros, podemos ser campeões dos pés à cabeça", disse o enxadrista, se referindo à Copa do Mundo e repetindo uma frase que tornou-se célebre por ter sido dita pelo general-presidente Emílio Garrastazu Médici --que empregou Mequinho como assessor do governo no início dos anos 70.

Com a voz rouca e frágil, mas garantindo que está livre da miastenia gravis, doença que paralisou seus músculos, Mequinho tem um objetivo fixo: "Quero ser campeão mundial para provar a todos que Deus me curou", diz ele, que, além de enxadrista é teólogo formado.

Após um retorno fracassado no início dos anos 90 ("Ainda estava doente") e resultados discretos nas últimas temporadas, ele atribuiu seu título na Itália às aparições de Nossa Senhora de Medjugorje, na Bósnia, para onde foi após a conquista.

Mequinho agora se prepara para retomar sua rotina: acordar todos os dias às 6h30, treinar caratê, correr nas ruas, rezar e, quando precisar de carro, usar seu Fusca branco 1980. "Não posso reclamar. Eu precisava de ajuda para levantar da cama para escovar os dentes."

REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/reportagens_mequinho.htm

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 82 - O drama de Schlechter, "O Mestre dos Empates".

O drama de Schlechter, "O Mestre dos Empates"

por Pedro Alcântara


KARL SCHLECHTER (1874-1919), grande mestre vienense de xadrez, foi o único desafiante, antes de CAPABLANCA, que LASKER (na época Campeão Mundial de Xadrez) não conseguiu vencer. O match entre ambos, de 10 partidas, foi jogado em Jan-Fev/ 1910, parte em Viena e parte em Berlim e resultou em 5 x 5. O empate beneficiou o campeão.
O match foi espetacular, principalmente a última partida, a décima, quando LASKER esteve seriamente ameaçado de perder o título. SCHLECHTER estava com 1 ponto de vantagem quando a partida começou (5 x 4).
SCHLECHTER era conhecido, naquela ocasião, como o "MESTRE DOS EMPATES", pois tinha em seu currículo mais empates do que qualquer outro jogador em atividade na época. Em torneios internacionais sempre se colocava muito bem, pois difícilmente perdia partida.
A última partida do match foi jogada sob enorme tensão e com muita excitação dos espectadores. A luta estava realmente dramática. SCHLECHTER conseguiu, no meio-jogo, uma posição um pouco superior, suficiente para o EMPATE, conforme alguns autores. Porém, por obra do destino, tal não aconteceu. SCHLECHTER perdeu a partida... Como foi possível o "MESTRE DOS EMPATES" não empatar uma partida, quando mais precisava fazê-lo ? Ainda mais que o match já vinha vindo com 8 empates! Pela aritmética a disputa estaria ganha de 5,5 x 4,5 a favor de SCHLECHTER, caso ocorresse o empate e assim o título mudaria de mão.
Muitos autores, por desconhecimento, quando relatam este emocionante duelo, mencionam aquela pergunta como sendo a síntese dos acontecimentos.
Entretanto, a verdade não é exatamente essa, e aí aparece o fato curioso. Pelas condições impostas pelo campeão para a disputa do match (na época o campeão era o proprietário do título), o desafiante teria que vencer com 2 pontos de vantagem para poder proclamar-se novo campeão. Daí, SCHLECHTER na última partida teve que jogar para ganhar, o empate não interessava em absoluto. E perdeu ! LASKER manteve assim, o título mais uma vez.
Com o surgimento da FIDE, o título de campeão deixou de ser propriedade particular e condições como essas não valem mais.
Em seguida, vamos rever a famosa 10ª partida do match entre EMANUEL LASKER e KARL SCHLECHTER, cujo resultado poderia ter mudado toda a história do xadrez mundial.


Fontes: Moderno Dicionário de Xadrez – Byrne J. Horton
A Aventura do Xadrez – Edward Lasker
Los Campeonatos del Mundo – Pablo Moran/S. Gligoric
Guinness Chess, The Records – Ken Whyld
Mosaico Ajedrecistico – A. Karpov/E. Guik

REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/drama_de_schlechter.htm

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 81 - XADREZ (MATÉRIA DE RODOLFO KONDER).



REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/img/biografia_xadrez.jpg

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 80 - MESTRES, ESSES MESTRES...

Mestres, esses mestres...





1. O mestre pode. Um forte amador pediu ao GM mexicano Carlos Torre que analisasse uma de suas partidas. Torre não queria perder tempo com artidas de capivara, mas o jogador tanto insistiu que Torre concordou, embora sob uma condição: pararia a análise assim que constatasse um erro gravíssimo. Ficou combinado. O sujeito começou a mostrar a partida: 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 Cf6 4.e5 ...Cg8. "Pode parar - disse Torre - esse lance preto é horroroso." O homem replicou: "Não é bem assim, maestro, a idéia do recuo do cavalo é sutil. Nimzowitsch, por exemplo, já experimentou esse lance e venceu!" Ao que Torre respondeu: "Nimzowitsch é um gênio, ele pode jogar isso. Mas você não, você tem que respeitar as regras de desenvolvimento das peças." Ah se todos nós lembrássemos dessa história!

2. Nomes curtos. O jovem Leonid Stein tinha acabado de perder para o veterano GM Salo Flohr. Para consolá-lo, Flohr contou uma piada: "Não fique triste. Olha, em breve os nomes curtos vão ser melhores do que os nomes longos. Veja por exemplo Liliental, um grande jogador no passado. Agora, quem se destaca é Tal. Com você vai ser assim também. Em breve, Bronstein vai ter que ceder o lugar para Stein!". Poucos anos depois, a "profecia" foi cumprida: Stein venceria três campeonatos soviéticos!

3. Com tabuleiro. Richard Réti e Alexander Alekhine encontraram-se no trem e começaram a analisar uma posição às cegas (sem o tabuleiro nem as peças, só de memória). Depois de alguns minutos, Alekhine virou-se para Réti e disse: "Olha, todos sabem que nós dois somos os melhores jogadores às cegas do mundo. Por que então não utilizamos um tabuleiro de verdade?".

4. Assassino de si mesmo. O GM húngaro Geza Maróczy era conhecido pela elegância e polidez com que tratava a todos. O GM letão Aaron Nimzowitsch era famoso exatamente pelo contrário, pelo mau humor e falta de tato com que tratava a quase todos. Certa vez, Nimzowitsch foi tão ofensivo que Maróczy reagiu convocando-o para um duelo no dia seguinte. O irado Nimzowitsch não compareceu ao encontro. Justificou-se assim: "Não vou contribuir para meu próprio assassinato."

5. Grande fígado. O GM inglês Blackburne foi um dos mais fortes jogadores do mundo nas últimas décadas do século XIX. Na lista de suas vítimas, incluem-se Steinitz, Tchigorin, Em. Lasker, Tarrasch, Pillsbury e Alekhine. Suas partidas eram especialmente inspiradas pelas bebidas alcoólicas. Conta-se que ele era capaz de esvaziar duas garrafas inteira de uísque numa sessão de partidas simultâneas. Morreu aos 83, idade bastante avançada para quem viveu, e bebeu, na sua época. Um grande cérebro e, pelo visto, um grande fígado.

6. Yoga. Aaron Nimzowitsch descobriu que a prática de Yoga, a milenar prática física e mental indiana, poderia melhorar seu desempenho nos torneios de xadrez. Experimentava os movimentos do yoga nos próprios torneios. Enquanto o adversário meditava em busca do lance, Nimzowitsch ia para o chão e colocava-se de cabeça para baixo. Acreditava que desta maneira o sangue desceria para o cérebro e ajudaria a pensar melhor. Algumas vezes esse troço funcionou muito bem. Mas desconfio que se você não for Nimzowitsch, não fluirá tanto sangue assim para sua cabeça.

7. Melhor para ele. Partida amistosa de uma amador contra um forte jogador. Ao amador dirigiu-se a Emanuel Lasker, que observava o jogo, e perguntou: "Qual o melhor lance nessa posição?". Lasker respondeu: "Jogue g2-g4." O pobre incauto seguiu o conselho e, inesperadamente, seu adversário respondeu com a dama, que deu o mate. Estarrecido, o indivíduo virou para Lasker e perguntou, meio sem acreditar, meio furioso: "Mas o senhor não disse que essa era o melhor lance?". "Sim – respondeu Lasker – o melhor para seu adversário." No fundo, essa era a maneira de jogar xadrez de Lasker: ele encaminhava a partida para posições em que seus adversários, perplexos, se interrogavam: "essa posição é boa, é óbvio, mas para qual de nós dois?"

8. Sumiço da torre. Na União Soviética, havia uma tipo de simultânea dada por dois grandes mestres que jogavam alternativamente. O GM1 fazia o lance contra todos os tabuleiros, que, em seguida, respondiam. Era então a vez do GM2 fazer os lances em cada tabuleiro. Depois das respectivas respostas, o GM1 retornava e assim a partida continuava. Certa vez, Averbach foi jogar um lance quando percebeu que estava com a torre a menos. Mesmo com a posição perdida, ainda fez dois ou três lances. Depois que a exibição acabou foi conversar com Bondarevsky: "Como é que você perdeu aquela torre?". Ao que Bondarevsky replicou: "Ué, eu perguntar exatamente isso!". Os dois se olharam e perceberam que tinham sido roubados pelo esperto amador.

9. Endereço do hotel. Emanuel Lasker era um tanto distraído. Certa vez, hospedou-se num hotel e foi ao clube da cidade. Depois da simultânea e do jantar, oferecem carona de volta para hotel. Neste momento, Lasker percebeu que não sabia nem o nome nem o endereço do hotel onde havia deixado suas bagagens. Tiveram que percorrer a cidade inteira até encontrar o lugar correto.

10. Relógio. Conta-se que Gari Kaspárov, o "Ogro", como dizem os espanhóis, tem o hábito de retirar o relógio do pulso assim que a partida começa. O relógio fica ali, sobre o tabuleiro. Quando Kaspárov sente que a partida está chegando ao fim e que ele será o vencedor, pega o relógio e bota de novo no braço. Uma maneira sutil de dizer pro adversário: "Bom, vamos acabar logo com isso que não tenho tempo a perder." Pressão sobre o adversário? Sem dúvida. Mas já houve adversários que, pelo menos em algumas ocasiões, fizeram Kaspárov esquecer do relógio.

11. Futebol. Quem joga xadrez é capaz de jogar futebol? O clichê é o jogador frágil, distraído e que derruba os objetos em seu redor. Mas as coisas não são bem assim. O esporte de Ljubojevic era o futebol e foi por causa de uma longa contusão que ele aprendeu a jogar xadrez, com já tinha 16 anos de idade (mais tarde, seria um dos dez melhores do mundo). O GM Peter Leko foi titular de um time juvenil húngaro. O melhor de todos, porém, foi o GM norueguês Agdestein. Forte jogador de xadrez, também foi titular da seleção norueguesa de futebol, autor de um gols importantes. Por exemplo, na vitória contra a Itália na Copa da Europa. Se o nosso leitor jamais fez gol contra a seleção da Itália, talvez possa um dia ostentar o título de Grande Mestre Internacional...

12. Senhoras. Para os psicanalistas de plantão: Alekhine foi casado com mulheres muitos anos mais velhas dos que ele. Certa vez, ainda jovem, foi a um baile. Havia moças bonitas, frescas e joven como a primavera, mas ele não prestou a menor atenção. Mas quando vislumbrou uma senhora com vinte anos a mais do que ele, Alekhine não conteve a agitação e fez de tudo para dançar com ela. Seu entusiasmo era surpreendente.

13. Escarlatina. Alekhine foi internado no hospital de Praga (República Tcheca) em 1942 para tratar de febre escarlatina (doença transmissível produzida por um estreptococo). No mesmo hospital o GM tcheco Richard Réti havia morrido de escarlatina em 1929. Alekhine, que era supersticioso, não achou nem um pouco interessante a coincidência. Mas sobreviveu para morrer em 1946, em Lisboa.

14. Moscou 1959. O torneio internacional em memória de Alekhine em 1959 teve um trio de vencedores: V. Smyslov, D. Bronstein e B. Spassky. Superam vários GMs, entre eles Vasiukov, Portisch, Larssen, Filip e F. Olafsson. Smyslov e Bronstein terminaram invictos. Spassky sofreu uma única derrota, para Smyslov, que venceu o torneio pelo critério SB. Smyslov tinha sido campeão mundial, Spassky conquistaria o título dez anos depois. Bronstein havia empatado o match de 24 partidas pelo título mundial, contra Botvínnik em 1950. Três gigantes da história do xadrez, todos os três ainda vivos (novembro de 2001).

REFERÊNCIAS:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/texto_mestres.htm
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/textos_diversos.htm

PESQUISADO PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

TEXTO 79 - QUEM INVENTOU O XADREZ.

Quem inventou o xadrez?




O xadrez como o conhecemos hoje, passou por inúmeras transformações e quanto à sua origem, os historiadores não conseguem chegar a um consenso.

Existem indícios de possíveis ancestrais do xadrez moderno, por exemplo, foram encontradas pinturas em câmaras mortuárias egípcias, de duas pessoas sentadas à mesa com peças em relevo. Na Índia, existe um jogo que também é considerado antecessor do xadrez, conhecido por Chaturanga. Porém o registro histórico mais antigo de peças de xadrez como as conhecemos hoje data de 900 d.C. (Guinness Book, 1995).

Alguns historiadores acreditam que o xadrez nasceu na Índia, inventado pelo brâmane na corte do Rajá Balhait. Com poucos registros para sustentarem a civilização onde nasceu o xadrez, os livros de xadrez trazem uma lenda sobre o aparecimento do xadrez.

O Rajá Balhait pediu aos sábios de sua corte que criassem um jogo capaz de desenvolver os valores da Prudência, da Inteligência, da Visão e o do Conhecimento, opondo-se nesse sentido ao ensinamento do Nard ( atual gamão ), no qual o resultado final é decidido pela sorte nos dados e não pela destreza e senso estratégico dos jogadores.

Então Sissa, sábio da corte, apresentou ao Rajá um tabuleiro quadriculado com casas escuras e casas claras, e peças que representavam os quatro elementos do exército indiano: Carros, Cavalos, Elefantes e soldados a pé, comandados por Rajá e seu vizir. Sissa explicou que escolhera a guerra como modelo porque entendia ser a escola mais eficiente para se aprender os valores da Decisão, do Vigor, da Persistência, da Ponderação e da Coragem.

Balhait encantado com o jogo ordenou que fosse preservado nos templos a sua prática, por considerar seus princípios como o fundamento de toda justiça e acreditava ser o melhor treinamento da arte da guerra. Como recompensa o Rajá ofereceu ao sábio um pedido do que desejasse.Sendo um cientista, Sissa se sentia recompensado pelo simples fato de que sua invenção estava sendo reconhecida por todos, mas após a insistência do Rajá, finalmente Sissa pediu sua recompensa em grãos de milho, da seguinte forma: Pela primeira casa do tabuleiro receberia um grão, pela segunda dois, pela terceira quatro, pela quarta oito, e assim por diante, em progressão geométrica, até a sexagésima quarta casa. O Rajá não entendeu porque Sissa havia escolhido uma recompensa tão humilde, quando poderia pedir o próprio reino para si.

Então o Rajá ordenou que fosse trazido o milho para o sábio. E o que parecia um pedido humilde mostrou-se impossível de ser atendido, mesmo antes de se chegar à trigésima casa. Os matemáticos do reino calcularam que nem todo o milho da Índia bastaria para pagar a recompensa.

Preocupado o Rajá olhou para Sissa, mas este disse sorrindo que já sabia que não seria possível atender o seu pedido porque a quantidade de milho exigida seria de 18.446.774.073.709.551.615 grãos de milho. Com isso Sissa quis mostrar que sua invenção possuía dimensões maiores do que aparenta.

Da Índia, o xadrez estendeu-se não apenas para o oeste, até a Pérsia, a Arábia e desta até a Europa, mas abriu caminho também para a Ásia, conhecido por diversos nomes e peças adaptadas à região ( Lasker, 1962 ). Hoje o estilo oficial é o modelo Inglês, com Rei, Rainha (Dama no Brasil), Bispos, Cavalos e Peões ( antigos soldados a pé ).


REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/quem_inventou_o_xadrez.htm

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).