O gênio mora ao lado
Janeiro de 2006 - Felipe Betschart
Parte desta reportagem foi publicada no jornal "O Atibaiense",
edição 7.569, de 14 de janeiro de 2006
Pertinho de Atibaia, na cidade vizinha de Bom Jesus dos Perdões, mora uma pessoa, no mínimo, especial. Quantas pessoas conseguem, por exemplo, bater um recorde mundial de xadrez e, ao mesmo tempo, ser capazes de se perder completamente ao fazer pequenos trajetos a pé pelas ruas de uma cidade? Estamos falando de Hindemburg Melão Jr., o “Guinho”, um paulistano de 33 anos que deixou de boca aberta jogadores de xadrez do Brasil e do mundo no ano de 1997. Em uma simultânea (modalidade em que uma pessoa joga contra vários adversários ao mesmo tempo), ao chegar em determinada posição em uma das partidas, Melão calculou uma seqüência na qual daria xeque-mate em 12 lances, mesmo que seu adversário jogasse da melhor maneira possível. Quem joga xadrez sabe que fazer previsões tão “distantes” num jogo não é uma tarefa fácil. Mas o incrível não foi o fato de ele “enxergar” o xeque-mate em 12 lances. O que intrigou enxadristas de todos os cantos do mundo foi que Melão estava jogando sem ver os tabuleiros, ou seja, jogava às cegas! A façanha, que aconteceu no Clube de Xadrez de São Paulo, entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes (páginas 110 e 111 da edição de 1998), como “recorde mundial de xeque-mate anunciado mais longo em simultânea de xadrez às cegas”.
Ainda no xadrez, Melão se destacou também como analista de partidas. Um de seus trabalhos foi considerado um dos dez melhores do mundo em eleição feita pelo júri do Informador Sahovski. O Informador Sahovski é o principal periódico internacional de Xadrez, publicado na ex-Iugoslávia e comercializado em praticamente todos os países. O ex-campeão mundial (1975-1985) Anatoli Karpov, em seu livro “Mosaico Enxadrístico”, faz a seguinte referência ao Informador Sahovski: “Nele se publicam as partidas mais brilhantes, mais belas e de aspecto teórico mais significativo de todas as competições celebradas no planeta durante o período dado (quadrimestre)”. Em outras palavras: as análises de Melão figuraram entre as dez novidades teóricas mais importantes para o avanço do entendimento do jogo. Além disso, Melão é recordista mundial de xeque-mate anunciado mais longo em Xadrez Epistolar (xadrez por correio), cuja análise integral foi publicada na Grécia e teve notas publicadas na França, Finlândia, Estados Unidos, Bélgica, Holanda e Dinamarca.
Outras atividades
Não é só de xadrez que Melão entende, absolutamente. Ele é autodidata e não possui formação acadêmica (cursou Física na USP por apenas quatro meses), mas é autor de trabalhos considerados inovadores em diversos campos do conhecimento. Em Psicologia, criou o Sigma Test, atualmente disponível em 14 idiomas, publicado em sete revistas internacionais e reconhecido como exame para admissão em dezenas de associações culturais de vários países. O Sigma Test é usado, por exemplo, para avaliar Ph. D.s (cientistas, filósofos) e pós-doutorados de algumas das principais universidades do mundo, como Oxford, Harvard, Helsinque, Bruxelas, etc. Também é autor do Sigma Test VI, mais difícil que o Sigma Test e disponível em oito idiomas.
Melão é autor também de um aprimoramento no método usado pela NASA para calcular as distâncias às estrelas, de uma correção na fórmula usada para cálculo de IMC (quantidade de gordura no corpo), de uma melhoria na Teoria da Evolução de Darwin e Wallace e ainda é autor de um método (que se tornou tema de palestras) para aumentar as notas em provas, vestibulares e concursos, entre outras. Se isso já não bastasse, é autor de diversas inovações em ferramentas estatísticas usadas em Psicologia e Economia, entre outras que podem ser encontradas na Internet ou impressos.
O Sigma Test está disponível na Internet, onde é possível encontrar artigos que descrevem o processo de padronização e as propriedades psicométricas, além de uma lista com dezenas de depoimentos de proeminentes intelectuais de vários países, sobre as impressões que tiveram ao serem examinados com este teste.
O artigo sobre IMC foi ampliado e em breve deverá ser publicado em forma de livro. O artigo sobre Evolução das Espécies também deverá ser publicado em forma de livro em parceria com José Antonio Francisco. O método para melhorar as notas foi condensado em forma de palestra.
De quanto é o seu QI?
No dia 18 de dezembro do ano passado, o programa Fantástico, da rede Globo, fez uma reportagem com Melão e outros “superdotados”. A matéria falava justamente de pessoas de alto QI (Quociente de Inteligência), que tinham facilidade em áreas específicas. Dentre os que apareceram na reportagem, Melão foi o segundo a ter o QI mais alto, perdendo apenas para Einstein, o pai da Teoria da Relatividade.
Pela classificação de Terman (a mais tradicional), uma pessoa “normal” tem QI entre 90 e 110, e uma pessoa com QI 140, ou acima, é considerada “gênio”. Para medir QIs até 135, basta ir a uma clínica, fazer um teste aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia e, em cerca de uma hora, a pessoa recebe o resultado. Para medir QIs acima de 135, existem os chamados “hard tests” (testes difíceis), que são muito mais difíceis e podem medir corretamente QIs até cerca de 150 ou 160. Para medir QIs acima de 160 não existem testes apropriados, e a determinação do QI é feita por estimativa baseada na produção intelectual.
O número em si não representa nada, a menos que seja citada a escala em que o teste está baseado e isso se o critério de adequação para aplicação for atendido. Einstein, por exemplo, obteve escore 156 em um teste baseado em escala Wechsler, enquanto o Melão obteve 159 num teste baseado na mesma escala. Porém, conforme explica Melão, isso não significa que ele seja mais inteligente do que Einstein, porque o teste de Wechsler não é apropriado para medir QIs nesse nível. O correto nesses casos é recorrer a estimativas baseadas em produção intelectual.
No caso do Melão, duas autoridades internacionais no assunto fizeram estimativas de seu QI: Baran Yonter, da Turquia, presidente da Pars Society (grupo para pessoas com QI acima de 180 pela escala Stanford-Binet) e Alexandre Prata Maluf, membro de três sociedades internacionais para pessoas com QI acima de 180 (Pars, Olympiq e Sigma V).
Na estimativa de Baran, o QI de Melão é cerca de 200 pela escala Stanford-Binet e 250 pela escala Cattell. A estimativa de Alexandre é numericamente muito diferente, mas convém chamar a atenção para um fato importante: Alexandre é extremamente rigoroso em suas avaliações, a ponto de estimar o próprio QI em 169 pela escala Stanford-Binet, embora seja, assim como Melão, membro de três sociedades para pessoas com QI acima de 180. Para Alexandre, o QI de Marilyn vos Savant, registrada no Guinness Book de 1990 como a pessoa com QI mais alto do mundo, é de 177 pela escala Stanford-Binet. Estima o QI de Melão como igual ao da Marilyn, em 177 pela escala Stanford-Binet. Segundo sua estimativa, o QI de Christopher Michael Langan é de 183, sendo que Langan, em 2000, reivindicava ter o QI mais alto das Américas. Por fim, Alexandre afirma que o QI de Einstein é de 196 (244 pela escala Cattell).
Profissão
Questionado sobre suas atividades profissionais, Melão responde: “Já trabalhei em circo (Cybercops) na época em que estava em boa forma. Foi divertido usar minha experiência em artes marciais de forma produtiva, mas quando tive que vestir a mesma fantasia que tinha sido usada pela turma da manhã, uma fantasia que ‘não via’ água e sabão há um bom tempo, percebi que não tinha muita vocação para aquilo”, contou.
Melão já deu aulas particulares de Física, Matemática e Xadrez. “Já ganhei algum dinheirinho com cursos de Xadrez, jogando torneios, simultâneas, fazendo análises e outros serviços ligados ao Xadrez”. Ele também já foi vendedor e prestou consultoria sobre criação de textos publicitários, criação e padronização de testes cognitivos e personalógicos, sobre gestão de risco e Business Intelligence.
“Aos poucos fui selecionando as atividades que me interessavam e também descobri algumas outras para as quais tenho alguma facilidade e que são razoavelmente rentáveis”, explicou. “Atualmente faço aplicações, tanto com recursos próprios como também de terceiros. Ofereço consultoria, ministro palestras e cursos e aplico testes de inteligência na Sigma Society”, afirmou.
No caso de investimentos, antes de “dar a cara para apanhar”, Melão ficou um tempo no Folhainvest, maior simulador do Brasil, que atualmente conta com 105 mil participantes. No primeiro mês, ele ficou acima de 97%. No mês seguinte, se saiu melhor que 99,92% dos participantes. Em dezembro de 2005, esteve acima de 99,98% e o ganho foi de 60% (a classificação está disponível em http://emacao.folha.uol.com.br).
“Investir é uma atividade divertida, especialmente em derivativos, que são muito mais voláteis e oferecem melhores perspectivas de ganhos, mas acho mais desafiador, do ponto de vista intelectual, aprimorar as ferramentas estatísticas usadas para apoio aos processos decisórios”, disse. Mas o que realmente mais interessa a Melão no momento são palestras, “pelo agradável contato com pessoas empenhadas em crescer pessoalmente e profissionalmente”.
Uma bússola talvez ajudasse
“Sim, é verdade. Quando era adolescente Guinho se perdeu por várias vezes andando pela rua”, contou Dona Linai Helena Barbosa, mãe do rapaz. “Eu, minha irmã e meu marido tínhamos sempre que buscá-lo perdido em algum lugar”. Atualmente, Melão consegue controlar um pouco esse problema. “Evito pensar em outros assuntos enquanto caminho”, disse. Até agora – pelo menos é o que diz – ele não se perdeu em Bom Jesus dos Perdões, nem em Atibaia. “Mas no trajeto de nossa casa até a de sua prima Luciah, o Guinho acabou ziguezagueando e demorou quase meia hora a mais do que seria necessário se seguisse o caminho mais curto”, contou Dona Linai.
Sigma Society
Mais informações sobre Melão e suas atividades podem ser encontradas no site da Sigma Society (www.sigmasociety.com). Sigma é uma associação cultural multidisciplinar fundada por Melão em 1999, que atualmente conta com membros de 40 países de seis continentes. É dividida em cinco segmentos: II, III, IV, V e VI, sendo este último um grupo cujos quesitos para admissão são extremamente rigorosos, com corte teórico de 1 em 1.000.000.000 (um em um bilhão) e provável corte real estimado em cerca de 1 em 1.000.000 (um em um milhão).
Sigma VI reivindica ser a sociedade intelectual mais exclusiva do mundo. A sociedade registrada no Guinness de 1990 como mais exclusiva até então era Mega Society, fundada por Ronald Kent Roeflin, dos Estados Unidos, em 1982, com corte teórico de 1 em 1.000.000 e provável corte real em torno de 1 em 20.000. Desde 1997, Giga Society, fundada por Paul Cooijmans, da Holanda, também reivindica o recorde de mais exclusiva, com corte teórico de 1 em 1.000.000.000 e provável corte real estimado em cerca de 1 em 50.000.
REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/melao_materia.htm
PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
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