CXSAJBA - CLUBE DE XADREZ SANTO ANTÔNIO DE JESUS, BAHIA. OUTRO BLOG DO CLUBE DE XADREZ: http://clubedexadrezsantoantoniodejesusbahia.blogspot.com
RESPEITE AS CRIANÇAS!
NÚMERO DE FOTOS E IMAGENS DESTE BLOG.
O CLUBE DE XADREZ SANTO ANTONIO DE JESUS, BAHIA (CXSAJBA) AGRADECE PELA VISITA, NESTE BLOG.
O NÚMERO DE FOTOS E IMAGENS, DESTE BLOG: 305.
O NÚMERO DE FOTOS E IMAGENS, DESTE BLOG: 305.
VISITANTE DE NÚMERO:
quarta-feira, 3 de abril de 2013
TEXTO 164 - UMA HISTÓRIA CULTURAL DO XADREZ.
PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/1233.pdf
Castro Celso. Uma história cultural do xadrez. Cadernos de Teoria da Comunicação, Rio de Janeiro, v. 1, nº 2, p. 3-12, 1994.
Uma história cultural do xadrez
Celso Castro1
O xadrez é um jogo especial por combinar várias características. Em primeiro
lugar, o acaso não existe no xadrez: ninguém ganha uma partida porque “teve sorte”,
nem perde porque “teve azar”. Trata-se de um jogo movido apenas pelo raciocínio dos
dois jogadores, que são os únicos responsáveis pelo resultado. Nesse sentido, pode
ser dito que trata-se de um jogo perfeitamente existencialista nele estamos, como
numa expressão de Sartre, “sós e sem desculpas”.
Em segundo lugar, o xadrez é de extrema complexidade. Jogado num tabuleiro
de 64 casas, cada jogador tem inicialmente 32 peças de seis tipos, cada qual com
importância, movimentos e possibilidades de captura específicos. Apenas os quatro
primeiros lances podem produzir cerca de 72 mil diferentes posições. Os dez primeiros
lances podem ser jogados de cerca de 170 seguido de 27 zeros maneiras diferentes.
Trata-se, portanto, de um jogo de possibilidades inesgotáveis.
Em terceiro lugar, o xadrez é especial por sua antiguidade histórica.2 Sua origem
é controversa. Alguns pesquisadores acham que surgiu no Egito ou na China, mas
geralmente considera-se que o xadrez teve origem num jogo com o nome sânscrito de
chaturanga, que já existia na região do Ganges, na Índia, no início do século VII. É
possível que tenha sido inventado vários séculos antes. De qualquer forma, é jogado,
com poucas variações importantes, por mais de mil anos.
Outra característica notável do xadrez é que as partidas podem ser registradas e
posteriormente reproduzidas, lance a lance. Com isso, o acervo histórico de partidas
vai sendo sempre aumentado -- e, como todo acervo, o do xadrez possibilita a
existência de uma memória sobre o jogo que é uma fonte de aprendizagem e prazer
CASTRO, Celso. Uma história cultural do xadrez. Cadernos de Teoria da Comunicação, Rio de Janeiro, v.1,
nº2, p.3-12,1994.
estético. Existe, por exemplo, um problema de xadrez composto por um califa árabe
chamado Mutasin Billah em 840 d.C. Temos também o registro de uma partida jogada
em 940 d. C. e vencida por um grande jogador árabe de origem turca chamado As Suli
(c.880-946), que encantava a corte em Bagdá no início do século X. Sobre esse
jogador chegou até nós o comentário de um homem importante da época que,
perguntado sobre a beleza das flores de um determinado jardim, respondeu que a
forma de As Suli jogar xadrez -- isto é, seu estilo -- era mais bonita do que aquele
jardim e todas suas flores. O fato de podermos reproduzir essa partida e igualmente
sentir seu encanto e beleza preservados por 1050 anos é uma característica que
confere ao xadrez um lugar único entre todos os jogos.
Finalmente, o xadrez é um jogo especial por sua extraordinária difusão através
das mais variadas culturas e civilizações. Esse é um ponto sobre o qual gostaria de me
deter com mais atenção. Como disse, no início do século VII existia na Índia um jogo
chamado chaturanga, considerado precursor direto do xadrez. Esse jogo foi
disseminado através do continente asiático principalmente pelos budistas, e adaptado
ao acervo cultural de diversos países, como China, Coréia e Japão.
A difusão para o Oeste é razoavelmente bem documentada. O jogo alcançou a
Pérsia por volta de 625, recebendo o nome de chatrang. Após a conquista árabe da
Pérsia (631-51), o jogo, agora batizado com o nome árabe shatranj, conheceu uma
época de grande florescimento. O islamismo proibia os jogos de azar, mas o shatranj
era considerado um jogo de guerra, e, por isso, permitido. Vários califas tornaram-se
aficcionados do jogo, e os melhores jogadores recebiam dinheiro para jogar, ensinar e
escrever livros.
O shatranj foi levado para a Rússia a partir do século IX, principalmente através
da rota de comércio Mar Cáspio-Volga. Cristãos bizantinos difundiram o jogo pelos
Bálcãs e Vikings fizeram o mesmo na região do Báltico, tudo isso num período anterior
à conquista mongol de 1223. Os mongóis também apreciaram o jogo, especialmente
na corte do imperador Tamerlão. O shatranj chegou à Europa Ocidental entre os
séculos VIII e X por três rotas: inicialmente com os invasores mouros da Península
Ibérica; depois, através do Império Bizantino no Leste, e, finalmente, com os
sarracenos (invasores islâmicos da Sicília). Por volta do ano 1000 o jogo já era
amplamente conhecido na Europa.
A Igreja a princípio se opôs ao jogo, possivelmente devido ao uso freqüente de
apostas. Surgiram alguns editos proibindo o clero de jogar, notadamente um do cardeal
Damiani em 1061. Entretanto, por volta do século XIII essa proibição foi relaxada ou
esquecida, e o xadrez passou a gozar de popularidade entre várias ordens religiosas.
Alguns de seus membros inclusive usaram o xadrez em alegorias conhecidas como
“moralidades”, comuns na literatura européia da Idade Média, e que tentavam dar uma
explicação simbólica ou alegórica do jogo, encontrar paralelos entre a organização da
vida e atividade humanas e o xadrez. Essas alegorias geralmente consideravam o jogo
como emblemático da condição social da época.
Vejamos um exemplo dessas “moralidades”. A mais antiga conhecida é da
metade do século XIII, e ficou conhecida como “moralidade de Inocêncio”, por ter sido
atribuída ao papa Inocêncio III (papa entre 1198 e 1216).Ao que tudo indica, no
entanto, foi obra de um monge galês. O texto diz o seguinte:3
“Este mundo todo é como um tabuleiro de xadrez: uma casa é branca, outra
casa é preta, e assim representa o duplo estado de vida ou de morte, de graça ou
pecado. A família que habita esse tabuleiro é formada pelos homens deste mundo, que
-- tal como as peças saídas todas da mesma bolsa -- procedem todos de um só ventre
materno. E, tal como as peças, assumem seus postos nos diferentes lugares deste
mundo, cada um com sua própria denominação. O primeiro é o Rei, depois a Rainha,
em terceiro lugar a Torre, em quarto o Cavalo, em quinto o Bispo e em sexto o Peão. E
o caráter do jogo é tal que um toma o outro e, com o jogo terminado, assim como todos
tinham saído da mesma bolsa, a ela voltam. E então já não há diferença entre o Rei e o
pobre Peão, pois acabam do mesmo modo o rico e o pobre. E com freqüência
acontece que, quando se devolvem as peças, o Rei fica por baixo, no fundo do saco; e
assim também acontece com os grandes que ao sair deste mundo são sepultados no
inferno; enquanto os pobres são levados ao seio de Abraão.”
Temos aqui uma alegoria bastante explícita do nascimento e morte como
comuns a toda a humanidade. Essa imagem foi muito popular através de toda a Idade
Média, e mesmo depois. É mencionada, por exemplo, no Dom Quixote, de Miguel de
Cervantes. Aliás, há muitas referências ao xadrez em fontes literárias medievais,
principalmente romances. Há passagens sobre reis resolvendo questões de Estado
através do jogo, condenados jogando enquanto esperavam a execução, tabuleiros
mágicos feitos pelo mago Merlin etc. Rabelais tem uma longa descrição de um jogo de
“xadrez vivo”, isto é, com pessoas ocupando o lugar de peças. Mas voltemos à
“moralidade”, que prossegue descrevendo agora o movimento das peças:
“A Rainha move-se e toma [isto é, captura peças adversárias] na diagonal [essa
é uma regra antiga], de modo torto, pois a mulher é tão cobiçosa que só toma
tortamente, por obra da rapina e da injustiça. A Torre é o justiceiro que percorre toda a terra em linha reta como sinal da justiça com que tudo julga e de que por nada deve
seu ofício corromper-se. [...] O movimento do Cavaleiro é composição de reto e torto. O
reto, representando o direito que tem, em justiça, como senhor da propriedade, de
cobrar impostos e de impor justas penas conforme o exija o delito; representando as
injustas extorsões a que submete os súditos. [...] Os Bispos movem-se oblíqua e
tortuosamente duas casas [outra regra de movimento antiga] porque muitos prelados
se pervertem pelo ódio, amor, presentes, ou favores para não corrigir os delinqüentes
nem ladrar contra os vícios, tratando os pecados como um terreno arrendado por uma
taxa anual. E assim enriquecem o diabo, fomentando os vícios ao invés de extirpá-los e
se tornam procuradores do diabo. [Observar o anticlericalismo do texto!] Os Peões são
os pobres que andam uma casa em linha reta, pois enquanto o pobre permanece na
sua simplicidade vive honestamente, mas, para tomar, se corrompe e o faz tortamente,
pois pela cobiça se bens ou honras, sai do reto caminho com falsos juramentos,
adulações ou mentiras.”
Finalmente, há uma passagem interessante sobre o desfecho do jogo:
“O diabo diz: xeque! incitando ao mal e ferindo com o dardo do pecado. E se o
atingido não sai rapidamente dizendo: livre!, pela penitência e compunção do coração,
o diabo lhe diz: mate!, levando sua alma ao inferno de onde não se poderá livrar de
modo algum.”
Pulei propositalmente a parte referente aos movimentos do Rei, porque aqui há
um ponto importante. Deve ter ficado claro que o princípio subjacente aos movimentos
das peças, para o autor da “moralidade”, é que um movimento reto simboliza um
movimento/ação moralmente correto, justo; um torto ou na diagonal significa um
movimento/ação moralmente incorreto, injusto. Ora, o Rei move-se e captura uma casa
em todas as direções com movimentos, portanto, “retos” e “tortos”. Entretanto, a
figura real era considerada de origem divina e fonte da justiça, e, portanto, não podia
fazer movimentos “tortos” na vida. Qual a solução? O moralista falsificou os
movimentos da peça, suprimindo os movimentos “tortos” e dizendo que o Rei se movia
apenas retamente.4 No entanto, naquela época como hoje essa peça se movia e
capturava em todas as direções.
Temos aqui um exemplo claro de que o interesse maior dessas “moralidades”
era com a alegoria e não com o jogo. Isso não quer dizer que as moralidades não
tenham tido importância para o desenvolvimento do jogo na Europa. Possivelmente
elas divulgaram o xadrez e ajudaram a diminuir o preconceito eclesiástico inicial. Mas,
como o historiador do xadrez Murray nota5, “para o moralista a fábula era de muito
maior importância do que os detalhes do jogo, e os detalhes tinham que se encaixar na
explicação, e não o inverso.” O xadrez fornecia apenas a moldura para as alegorias. O
alvo das “moralidades” era outro.
Nem todas as alegorias medievais, é bom notar, eram de fundo religioso. Há um
poema francês do século XIV, chamado Les échecs amoureux que é a descrição,
movimento por movimento, de um jogo entre uma dama e seu pretendente. O paralelo
entre amor e xadrez aparece também num livro publicado em 1497 pelo espanhol Luís
Lucena, intitulado Repetición de amores e arte de axedrez.
Por volta de 1475, ocorreram algumas mudanças significativas nas regras do
jogo, que modificaram o xadrez árabe e deram origem ao xadrez moderno na Europa
Ocidental. Basicamente, o ritmo do jogo foi acelerado e algumas peças substituídas.
Os primeiros livros sobre a nova forma do jogo foram todos escritos na Península
Ibérica.
Na segunda metade do século XVI, o jogo teve um grande desenvolvimento, e
os melhores jogadores passaram a ser patrocinados por mecenas, inclusive reis.
Nessa época também começaram a surgir torneios. O mais antigo documentado
ocorreu em 1575 na corte de Felipe II da Espanha, quando se enfrentaram jogadores
espanhóis e italianos. Venceu o italiano Giovanni Leonardo, que recebeu mil ducados,
uma capa de arminho e durante vinte anos sua cidade natal Cutri, da Calábria, esteve
isenta de tributos.
Desde então, o xadrez atravessou todas as tendências históricas e modas
culturais que surgiram. A partir de 1730, passou a ser muito jogado em cafés, como o
de la Régence, em Paris, um dos mais famosos pontos de encontro de xadrez de todos
os tempos, com frequentadores ilustres como Voltaire, Rousseau, Robespierre,
Benjamin Franklin, Napoleão e Richelieu. O xadrez também não ficou alheio ao
igualitarismo iluminista da fase pré-revolucionária. Cinqüenta anos antes da tomada da
Bastilha, foi publicado o livro fundador do xadrez moderno, por um compositor de
música e jogador de xadrez chamado Philidor (1726-95) L’ analyse des échecs, que
teve enorme sucesso. Nesse livro, é pela primeira vez descrita a estratégia do jogo
como um todo e afirmada a importância decisiva da formação de peões, até então os
elementos menos considerados do jogo, por serem o de menor poder ofensivo. Mas
era época do Iluminismo, e os peões foram revalorizados por Philidor numa frase
famosa: “eles são a alma do xadrez.”
A partir daí, a teoria sobre o jogo foi desenvolvida de forma ininterrupta.
Surgiram várias “escolas” que preconizavam diferentes estilos ou maneiras de conduzir
as partidas de xadrez, como a “Escola Modenense” (de Modena, uma cidade italiana),
que em geral se opunha aos ensinamentos de Philidor, preconizando a importância
fundamental do ataque rápido e direto ao Rei inimigo através das peças. No final do
século XIX, Wilhelm Steinitz (1836-1900) desenvolveu críticas ao xadrez de estilo
“romântico”, que defendia o ataque rápido a todo custo, e mostrou a importância da
defesa e do acúmulo de pequenas vantagens ao longo do jogo. Ele propunha uma
apreciação científica, objetiva do jogo de xadrez. Já um adversário seu, o médico
alemão de origem judaica Siegbert Tarrasch (1862-1934), via a partida de xadrez como
a imagem de uma guerra: a fase de abertura da partida correspondia à mobilização, ao
desenvolvimento estratégico e ao engajamento nos combates iniciais; o meio da
partida era a batalha propriamente dita, onde se decidia a vitória, e o final, a realização
da superioridade obtida nas fases anteriores. Em sua teoria do jogo, Tarrasch
distinguia três elementos principais: as forças, o espaço e o tempo, que seriam
permutáveis entre si, um podendo transformar-se no outro. Na década de 1920 surgiu,
em reação a princípios considerados formalistas e ortodoxos como os de Tarrasch, um
movimento batizado de “hipermodernismo”, cujos expoentes permitiam ao adversário
ocupar a posição central do tabuleiro mantendo no entanto um controle estratégico,
à distância, desse centro para depois contra-atacar e demolir suas posições.
Não vou falar de todas as “escolas” e tendências modernas. Mencionei algumas
apenas para dar uma idéia da variedade de estilos e concepções a respeito do jogo.
Hoje em dia, o tempo das “escolas” passou, importando mais o estilo individual para
determinar a maneira pela qual os grandes jogadores atuam. Essas “escolas” têm a
ver, é bom notar, com grandes jogadores, e não com a maioria absoluta de jogadores
amadores, que não dominam sutilezas teóricas a respeito de estratégia, nem são
virtuosos táticos jogam apenas por distração.
Evitarei a soberba intelectual de “explicar” ou “decifrar” o “significado” do xadrez,
reduzindo-o a fórmulas do tipo “o xadrez representa não-sei-o-quê” a guerra, a luta,
a vida etc. A esse respeito, gostaria de lembrar o livro do filósofo holandês Johan
Huizinga, publicado em 1938, Homo Ludens, que tem o subtítulo de “O jogo como
elemento da cultura.”6 Observar que é “da” cultura, e não “na” cultura, porque para
Huizinga a própria cultura possui um caráter lúdico: ela é “jogada”. É um livro difícil,
com algumas passagens bastante obscuras. De qualquer forma, um dos pontos altos é
quando Huizinga ressalta os perigos do reducionismo racionalista: o jogo em si não se
pode explicar. Ele possui um caráter estético, de divertimento, que resiste a toda
análise e interpretação lógicas: o importante do jogo está no próprio jogo, e não, como
nos rituais, em algo além dele, que ele “representa”.
Uma afirmação que parece bastante plausível em relação aos jogos em geral é
que eles estão intrinsecamente relacionados às características sociais e culturais das
sociedades em que são jogados, que são ritualizações de componentes culturais
dessas sociedades, e que não podem ser “compreendidos” sem que o analista leve em
consideração esses vínculos. Essa afirmação segue um esquema de pensamento
bastante característico das ciências humanas contemporâneas, e que é aplicado em
vários contextos e a vários objetos. A história do jogo de xadrez, no entanto, coloca
alguns problemas à universalidade dessa afirmação, porque trata-se de um jogo
transcultural, presente em culturas e mesmo civilizações muito distantes no
tempo, no espaço e em características culturais. Uma crítica “nominalista” poderia dizer
que “xadrez” é apenas uma palavra que, apesar de comum a diferentes culturas,
representa na realidade jogos diversos, posto que jogado e representado culturalmente
de diferentes formas. Isso pode ser válido para outros jogos, talvez mesmo para a
maioria, mas no caso do xadrez esse argumento é fraco. As “moralidades”, “escolas” e
outras apropriações culturais do jogo são claramente acessórias. Para além delas,
permanece uma estrutura de jogo razoavelmente imutável e que atravessou dessa
forma diferentes contextos culturais através de vários séculos.
Para encerrar, um poema:
“O thou whose cynic sneers express
The censure of our favourite chess,
Know that its skill is science’ self,
Its play distraction from distress;
It soothes the anxious lover’s care,
It weans the drunkard from excess;
It counsels warriors in their art,
When dangers threat, and perils press;
And yield us, when we need them most,
Companions in our loneliness.”7
Esse poema foi escrito pelo califa al-Mu‘tazz, por volta do ano 900 ou seja, há
mil e cem anos. É bem possível que a atração que o xadrez exerce sobre quem o joga
hoje seja a mesma exercida sobre aficcionados de outros tempos, de outras culturas.
Isso, por si só, seria suficiente para tornar o jogo de xadrez uma experiência humana
muito especial.
NOTAS
1. Pesquisador do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, doutorando em Antropologia
Social no PPGAS/Museu Nacional/UFRJ, autor de O espírito militar: um estudo de
antropologia social na Academia Militar das Agulhas Negras (Jorge Zahar, 1990), coorganizador
de Visões do golpe: a memória militar sobre 1964 (Relume-Dumará, 1994)
e Anos de chumbo: a memória militar sobre a repressão (Relume-Dumará, 1994).
2. Para a história do xadrez, baseei-me em vários livros, principalmente: David Hooper
& Kenneth Whyld, The Oxford companion to chess (Oxford, 1988); H. J. Murray, A
history of chess (Oxford, 1913); R. N. Coles, The chess-players week-end book
(London, Pitman& Sons, 1950) e Luiz Jean Lauand, O xadrez na Idade Média
(Perspectiva/EDUSP, 1988).
3. Uso a tradução de Lauand, op. cit., p. 49-51.
4. Ver Murray, op. cit., p. 530-1.
5. Op. cit., p. 530.
6. Edição brasileira: Perspectiva, 1980.
7. The Oxford companion to chess, p. 308.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário