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sábado, 13 de março de 2010

TEXTO 54 - Ivanchuk sofre, mas vence o XI Aberto da Festa da Uva.

FOTOS: 46 E 47.
Neste final de semana, dias 06 e 07 de março, foi realizado um grande evento internacional na cidade da serra gaúcha de Caxias do Sul, em comemoração a sua tradicional Festa da Uva. Foi uma experiência interessante participar deste que sem dúvidas é o torneio mais atípico que já vi. Até agora ainda não sei bem que adjetivos atribuir ao torneio, já que se de um lado foi uma maratona exaustiva com 9 rodadas em apenas dois dias, por outro lado certamente foi uma grande diversão para o público e amadores, tendo em vista o formato da disputa.

A primeira peculiaridade foi a adoção de diferentes ritmos de jogo num mesmo torneio. É verdade que na Copa do Mundo temos tie-breaks de partidas rápidas, relâmpago e armaggedon. Mas na Copa do Mundo esses são ritmos de desempate, e quem conseguir pode rumar ao título apenas com partidas tradicionais. Mas na Festa da Uva a história é outra: joga-se duas rodadas com 16 minutos KO, depois mais duas rodadas com 30 minutos KO, e por fim as últimas 5 rodadas são jogadas com 1 hora KO.
Para quem acha que essa inovação é chocante, espere para ouvir a segunda peculiaridade: nas duas últimas rodadas empates não contam!!! Se a partida empatar no ritmo normal, joga-se um tie-break morte súbita estilo armaggedon – as pretas jogam com 5 minutos e as brancas com 6, mas a vantagem do empate é das pretas.

Há o lado bom e o lado ruim dessas novidades, embora seja muito difícil para um jogador mudar de ritmos e sistemas de disputa a cada torneio. O fato é que o pessoal da região aproveitou a oportunidade e compareceu em peso: foram 292 participantes, o que coloca este entre os principais torneios do calendário nacional (pena que é um evento bienal).

E esta foi com certeza a edição mais forte do evento, pois contou com a presença dos principais nomes do xadrez nacional – GMs Rafael Leitão (que defendia o título de 2008), Giovanni Vescovi, Gilberto Milos, Henrique Mecking, André Diamant, os Mis Krikor Mekhitarian, Herman Claudius, Everaldo Matsuura, etc – bem como fortes GMs e Mis estrangeiros (Ulf Andersson, Andrés Rodriguez, Sandro Mareco) e um dos jogadores mais admirados do mundo, o GM ucraniano Vasily Ivanchuk.

No final das contas Ivanchuk confirmou seu favoritismo, mas não sem sofrer muito, principalmente após sua derrota contra Gilberto Milos, que saiu aplaudido do salão de jogos pela façanha. Milos jogou um excelente torneio e merecia o título: derrotou os GMs Ivanchuk e Mequinho, empatou com Leitão e perdeu apenas para o GM argentino Diego Flores numa partida onde tinha uma vantagem gigantesca e se confundiu no apuro de tempo. O maior sufoco de Milos foi na terceira rodada contra o médico gaúcho Antonio Crespo, mas... dizem que a sorte acompanha os bons!

Milos,G (2606) - Ivanchuk,V (2748) [B85]
Festa Da Uva Caxias do Sul BRA (6), 06.03.2010.

1.e4 c5 2.Cf3 d6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 a6 6.Be2 e6 7.0–0 Be7 8.f4 0–0 9.Rh1 Dc7 10.a4 Cc6 11.Be3 Te8 12.Bf3 Tb8 13.g4 Cd7 14.g5 b6 15.Bg2 Bb7 16.Dg4 Bf8 17.Tad1 Cb4 18.Td2 g6 19.Cde2 Tbc8 20.Tfd1 Cc5 21.Bg1 Bc6 22.b3 Db7 23.Df3 d5 24.exd5 Cxd5 25.Cxd5 Bxd5 26.Txd5 exd5 27.Cc3 d4 28.Dxb7 Cxb7 29.Bxd4 Cd6 30.Cd5 Bg7 31.Bxb6 Txc2 32.Ce3 Tc3 33.Txd6 Txb3 34.Bd5 Tb4 35.f5 Bf8 36.Tf6 Te7 37.fxg6 hxg6 38.Txg6+ Rh7 39.Tc6 Txb6 40.Txb6 Txe3 41.Bxf7 a5 42.Bb3 Tc3 43.Rg2 Bb4 44.Bd5 Te3 45.h4 Be1 46.h5 Tg3+ 47.Rf1 Txg5 48.Be4+ Rh8 49.Rxe1 Te5 50.Th6+ Rg7 51.Tg6+ Rf7 52.Tg4 1–0


MILOS DERROTA IVANCHUK.

Ivanchuk venceu mais pela simpatia e por ser um dos semi-deuses do Olimpo do xadrez do que realmente pelos lances no tabuleiro, o que mostra que nem mesmo para esses pesos-pesados é fácil atravessar o planeta e jogar com adversários diferentes. Talvez seja necessário levar em consideração a jogada duvidosa do ucraniano dias antes do torneio, ao adormecer tomando sol na piscina do hotel...

Outro brasileiro que ia bem era Rafael Leitão, que na última rodada jogava contra o argentino Sandro Mareco pelo título do torneio. Mas o destino não lhe sorriu e ele foi uma das vítimas do fatídico armaggedon. Provavelmente Rafael tenha sido o jogador mais firme do torneio, pois não ficou mal em nenhuma partida e não teve que contar com a sorte em nenhum momento.

Eu terminei o torneio invicto, mas acabei cedendo três empates no meio do torneio o que dificultou a luta por uma colocação melhor. No segundo dia meu xadrez foi melhor e joguei uma boa partida com o MI uruguaio Bernardo Roselli. Na última rodada errei na abertura mas me defendi bem contra Andre Diamant e tivemos que disputar um tumultuado desempate.

Armaggedon

No calor da disputa ninguém se deu ao trabalho de pedir à organização um jogo de peças mais pesado e um relógio digital e isso foi um problema que comprometeu a justiça do resultado. As peças escorregavam muito e em um par de ocasiões tive que pedir ao adversário que as ajeitasse. Mas o problema crucial foi relativo ao relógio: a certa altura o relógio das brancas (Diamant) parou de andar.

Reclamei ao árbitro, deu-se corda no relógio rapidamente (afinal era um relâmpago e meu adversário ganhava segundos preciosos para pensar na sua jogada seguinte) e a partida continuou. Instantes mais tarde, já num final empatado de dama e dois peões para cada lado, novamente o relógio de meu adversário deixa de correr. Indignado e sem outras opções, exigi a troca do relógio. Agora o protesto vinha de meu adversário: como trocar o relógio a essa altura, e ainda mais como saber exatamente quantos segundos restavam para cada lado? Já não se falava mais em xadrez, e era evidente que as brancas utilizariam o regulamente e jogariam a dama para lá e para cá até fazer a seta das pretas cair.

Trocado o relógio a partida continuou com as brancas tendo pouco mais de meio minuto e as pretas por volta de 15 segundos. Para confundir meu adversário resolvi entregar um peão, o que curiosamente acabou sendo bom, pois a dama branca ficou mal posicionada e as pretas passaram a dar xeque perpétuo. Mas isso pouco importava, afinal não se pode reclamar as regras de empate em relâmpago (embora a leitura do Apendice das Leis do Xadrez no Handbook da FIDE não seja clara). De todo modo, ganharia quem fosse mais rápido no gatilho, e por estar com o relógio à minha direita acabei sendo eu.

Essa tremenda confusão deixou ambos os jogadores com uma terrível sensação de injustiça: quanto tempo o relógio deixou de funcionar, quanto tempo a mais para refletir meu adversário teve nas duas interrupções, será que nenhum dos lados foi prejudicado ou favorecido na troca do relógio? São perguntas sem respostas. A tecnologia veio para ajudar, e nada disso teria acontecido com um bom relógio digital. Mas pelo menos o público se divertiu...

Classificação final:

1. Vasily Ivanchuk 8,0
2. Sandro Mareco 8,0
3. Gilberto Milos Jr. 7,5
4. Krikor Mekhitarian 7,5
5. Giovanni Vescovi 7,5
6. Rafael Leitão 7,0
7. Henrique Mecking 7,0
8. Diego Flores 7,0
9. Bernardo Roselli 7,0
10. Everaldo Matsuura 7,0



IVANCHUK, VENCE NO BRASIL.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://espnbrasil.terra.com.br/giovannivescovi

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