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sábado, 13 de março de 2010

TEXTO 55 - BALANÇO DOS TORNEIOS NA RÚSSIA.

Após três semanas num freezer a céu aberto, aproveitei (Giovanni Vescovi) os primeiros dias desde minha volta ao Brasil para ficar com a família, rever amigos, curtir um pouco o calor, tomar uma cerveja gelada, etc – enfim, descansar um pouco, já que ninguém é de ferro. Assim sendo, deixo aqui um mea culpa pelo atraso na atualização do blog.

Jogar em Moscou é sempre interessante, apesar do frio. Acho que a última vez que joguei por lá foi em 2004 após a vitória no Torneio de Bermudas. Este ano estava bem mais frio, muito em razão do vento gelado. O problema nunca é a temperatura que o termômetro marca (entre -10C e -20C), mas a sensação, já que às vezes ela pode cair para -30C. Eu não tinha como deixar de lembrar que o freezer de casa é mais quente...

No post anterior eu fiz uma avaliação sobre a participação no Moscow Open, e agora farei sobre o Aeroflot Open, que a meu ver é o torneio aberto mais forte do mundo, já que no grupo A1 o rating mínimo é de 2550 (salvo algumas exceções autorizadas pela organização).

Na primeira rodada implementei a novidade utilizada em Aronian-Gelfand e Akopian-Harikrishna, ambas jogadas no fatídico Mundial por Equipes em janeiro na Turquia. Meu adversário, o GM Pavel Maletin estava preparado e jogou corretamente Tad8. Seu erro foi evidentemente Cg4, permitindo que as brancas tomassem a iniciativa. Salvo algumas leves imprecisões, joguei bem, conseguindo impedir que o rei preto voltasse a g8 no final de dama e cavalo.

Contra Khalifman pela segunda rodada resolvi arriscar uma defesa mais agressiva, mas meu adversário jogou o sistema com g3 contra a Defesa Grunfeld e se viu forçado a repetir lances para não cair em desvantagem posicional. Empate. Na terceira rodada joguei contra o jovem Sanan Sjugirov, finalista do campeonato russo de 2009. No tabuleiro busquei uma ideia nova com Cb5 rápido, mas ele se defendeu com precisão e após ...Cd6 com ideia de ...Cf5 as pretas igualaram totalmente.

A partida contra Khairullin foi boa. Logo na abertura sacrifiquei um peão intuitivamente com o avanço ...c5. Meu adversário ofereceu o empate após Txc1, numa posição equilibrada, mas cheia de possibilidades. Eu recusei, mas me empolguei com o avanço ... c4 – era melhor simplesmente desenvolver mais peças. Depois gastei muito tempo para avaliar uma troca de duas peças por torre e peão. Uma decisão correta, embora o computador não entenda. Meu adversário não soube jogar da melhor forma e aos poucos melhorei minha posição. O erro foi no lance 38, quando eu devia ter jogado primeiramente ...a6 e após b5 deixar meu peão em a5. Na partida a vantagem não era suficiente para ganhar.

Na quinta rodada escolhi muito mal a abertura contra a India do Rei com ...c5. Tanto que pelo menos me preparei melhor e derrotei McShane três rodadas mais tarde. Podia ter recusado a proposta de empate feita por meu adversário, mas objetivamente eu deveria contar com muitos erros para ter esperança de algo. Há uma partida antiga de Kasparov (com pretas), acho que contra Tukmakov, que também empatou por volta do lance 20 na mesma linha inócua.

Na sexta rodada a partida contra Romanov foi a mais interessante de meu torneio. Para variar, não conhecia a abertura, e gastei muito tempo para elaborar a manobra de Ta7, e depois para descobrir que não conseguiria agir na ala da dama e me decidir pelo plano de Ce8-d6. Com pouco tempo no relógio para o primeiro controle no lance 40 eu precisava tomar todo o cuidado. Meu adversário é um jogador agressivo e veio com um plano que eu nem imaginei com f4, e g4. A situação parecia crítica mas encontrei uma boa defesa e após o apuro meu adversário ofereceu empate após o lance ...Bd2 das pretas. Objetivamente é empate, mas às vezes o lado defensor se descontrola e foi esse o caso. O final de torres foi instrutivo. Durante a partida eu sentia que ele deveria ficar com uma defesa passiva, mas ele tentou forçar os acontecimentos com Th8, e então eu calculei melhor (Rg3 e Tg4+).

Com +2 eu estava a meio ponto dos líderes e jogava de brancas com Savchenko. Na base vi que ele quase nunca jogava Semi-Eslava e então resolvi tentar aplicar meus estudos sobre a partida Anand-Leko. No entanto, meu adversário jogou com Bf8, o que era assunto não estudado por mim. Ele não devia estar preparado, pois gastara muito tempo (eu tinha 1 hora de vantagem no relógio). Mas não joguei o óbvio a4 ao invés de e5 e esse detalhe faz toda a diferença. O problema dessas posições agressivas é que você não pode se basear em conceitos técnicos. Fiquei muito chateado em desperdiçar esta oportunidade.

No dia seguinte tive uma partida fácil contra McShane. Ele tentou me surpreender com um lance antigo, mas forcei uma estrutura Maroczy, o que não combina com o estilo agressivo e criativo do inglês. Ele não se segurou e fez um plano estrategicamente comprometedor com ...f5. O momento mais trabalhoso foi no lance 40, quando eu precisava decidir entre um final de torres com peão a mais e com a torre apoiando por trás, ou ficar com uma peça a mais. Tecnicamente acho que minha decisão foi a mais correta.

Na última rodada eu joguei de pretas contra o chinês Zhou Jianchao, que havia derrotado Kamsky e que havia feito uma bela novidade teórica com sacrifício de dama numa Eslava Botvinnik na segunda rodada. O empate não seria ruim, pois ficaria entre os 10 ou 15 primeiros, e uma vitória seria sensacional, pois ficaria empatado na terceira posição. Resolvi jogar algo sólido e deixar meu adversário se expor. Mas ele jogou muito bem e explorou minha falta de paciência quando joguei ...c5. Eu ainda tinha algumas esperanças no final após o apuro, mas ele calculou bem e destruiu minha fortaleza. Como meu desempate era um dos piores (partidas jogadas de pretas!), fiquei atrás de jogadores que na maior parte do torneio ficaram abaixo do 50%.

De um modo geral acho que foi um resultado mediano e que poderia ter sido melhor. Tecnicamente joguei melhor que nos torneios anteriores, mas ainda tive dificuldades nas aberturas, dessa vez principalmente de brancas. Também foi bom para desenferrujar um pouco mais após o longo período fora do circuito de grandes torneios internacionais. Espero estar em forma até o meio do ano.


FOTO 48 - EX-CAMPEÃO MUNDIAL BORIS SPASSKY VISITOU O TORNEIO CRÉDITO DE IMAGEM: RUSSIAN CHESS FEDERATION.

O World Blitz Qualifier.

No dia 18 foi realizado um super torneio aberto de blitz, sistema 3 minutos mais 2 segundos de acréscimo. Terminei junto com Sargissian, Smirin e Naiditsch, mas não fui bem, apesar de ter tido algumas oportunidades. Perdi duas partidas contra Andreikin com qualidade a mais em ambas na sétima rodada, o que me desanimou, pois ainda tinha chances de lutar por uma das seis vagas. A verdade é que esse torneio era muito forte, pois além dos participantes do grupo A1 do Aeroflot entraram outros “capivaras” como Mamedyarov, Elyanov, Karjakin, Bologan, Tkachiev etc.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://espnbrasil.terra.com.br/giovannivescovi

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