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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

TEXTO 158 - A JOIA DO XADREZ, EM ANGOLA..

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.opais.net/pt/revista/?id=1640&det=22884&mid




DESPORTO

A jóia do Xadrez

A sua história confunde-se com a do seu mentor e presidente, o desportista Marceliano da Conceição Correia Victor.
Em 1999, fruto de um velho projecto que reunia membros da então associação “Clube de Amigos do Uíge em Xadrez”, precisamente a 26 de Julho desse mesmo ano, Correia Victor decidiu dar corpo a um novo projecto, cujo objectivo principal seria massificar, desenvolver e divulgar o desporto, sobretudo o xadrez a nível da classe infanto-juvenil. Macovi, foi esse o nome encontrado.
Uma alusão às sílabas iniciais do nome do seu falecido avô Manuel Correia Victor. E, dessa forma, o mentor do projecto começou a escrever uma nova página na sua vida, pondo de parte a longa temporada que teve na província do Uíge, para onde se havia deslocado em trabalho.
ESCOLA DE QUINTAL
A escola começou num espaço diminuto no quintal da casa de sua falecida mãe, sita na comuna do Neves Bendinha, Bairro Popular, no município do Rangel.
Correia Victor, juntamente com outros colegas seus recém-chegados da província do Uíge, fugidos da guerra, viu na iniciativa uma oportunidade de se ocupar e ocupar os miúdos da comuna do Neves Bendinha que se mostrassem interessados em aprender o xadrez.
O clima era ainda de profunda instabilidade político-militar e as suas consequências estavam ali a olho nu. “Nós chegámos numa situação difícil. Não tínhamos emprego. Tínhamos de fazer qualquer coisa. Queríamos mostrar quem éramos e o que podíamos fazer pelo país. Foi nesse sentido que eu pedi sempre o apoio da minha mãe, porque os miúdos chegavam e faziam muito barulho. Mas ela punha-me à vontade por saber que não tinha emprego e aquilo me ajudava a distrair”, lembrou Correia Victor.
MOBILIZAÇÃO ESPONTÂNEA
Após abrirem as inscrições, e para surpresa de todos, a escola passou a registrar uma grande afluência dos miúdos do bairro que, de forma espontânea, foram aderindo às aulas e ao desafio de aprender a ciência do xadrez.
Ao cabo de um ano, a escola Macovi já reunia cerca de 90 alunos, provenientes de diferentes áreas do Bairro Popular. “Começámos só com o xadrez porque, até hoje, para nós, é a modalidade rainha da escola Macovi. Mas o xadrez porquê? Porque fui praticante de xadrez, independentemente de ter praticado futebol salão e ter feito vários cursos em outras modalidades desportivas. Por ter praticado e conhecer muito mais a arte do xadrez, preferi adoptá-lo como modalidade rainha”, justificou o desportista.
DINÂMICA NA MODALIDADE
Dado o número considerável de praticantes inscritos, a escola Macovi começou a marcar presença regular nos provinciais e nacionais nas categorias infanto-juvenis e juniores. O número de atletas acabou por impor uma outra dinâmica à modalidade.
Correia Victor relata-nos que para os campeonatos nacionais, nas categorias de infantis e juniores, a nível de Luanda, saíam só quatro jogadores, sendo que para os juvenis e juniores o número atingia os sete jogadores. “Às vezes, em campeonatos nacionais, só saiam praticantes de Luanda e do Namibe. Não tinha mais ninguém. A Macovi, quando chegou, inverteu esse quadro. Em todas as provas que nós participávamos a nível nacional, levávamos cerca de 40 jogadores”, afirmou, realçando também o facto de, nessa altura, ter conjugado esforços no sentido de promover um conjunto de actividades a nível do Bairro Popular com o exacto propósito de massificar e divulgar o xadrez, bem como chamar a atenção das pessoas para a prática da modalidade.
A DESILUSÃO
Por várias vezes foram solicitar o apoio da administração municipal do Kilamba Kiaxi, no sentido de lhes ser cedido um terreno onde viessem a implantar uma estrutura definitiva para acolher a escola. Mas tal pretensão caiu sempre por terra. O presidente da escola Macovi assumiu ter sido esta uma fase de maior desilusão para escola.
Correia Victor lembrou-nos que, por essa ocasião, tinha alguns acordos verbais com algumas instituições que pretendiam ajudar a erguer uma estrutura para acolher a sede da escola, mas tudo não passou de uma ilusão, pois nunca lhes foi cedido o terreno. “O administrador despachava e, quando chegava à área técnica, o documento emperrava, pelo que, até hoje, não temos um local nosso para trabalhar”, desabafou.

HISTORIAL DO MENTORMarceliano da Conceição Correia Victor “Mbeco” nasceu aos 26 de Julho, em Luanda, no município do Sambizanga. É pai de três filhas e funcionário público.
É estudante do curso de Direito, na Universidade Independente.
Frequentou os cursos de dirigente desportivo, de realização de provas de ciclismo e de árbitro de xadrez. Na província do Uíge, onde viveu durante largo tempo, foi jogador na modalidade xadrez e futebol salão, nas décadas de 80 e 90.
É fundador da Associação Provincial de Xadrez do Uíge, instituição da qual foi vice-presidente. Foi ainda promotor e dinamizador dos desportos sob orientação da Direcção Provincial da Juventude e Desportos do Uíge.
Foi também presidente da “Liga dos Amigos da Cidade do Uíge”, uma organização juvenil sem fins lucrativos, que tinha por objectivo promover  e incentivar a juventude  para prática do desporto, promoção cultural e saneamento básico da cidade do Uíge. Foi colaborador desportivo e voluntário nos órgãos de comunicação social na província. Em Luanda, foi coordenador do Clube de Amigos do Uíge em Xadrez (CAUX). É presidente e Director Geral da Escola Macovi sport club. É responsável pelo departamento de Xadrez do Progresso Associação do Sambizanga.
Coordenador da Comissão dos desportos para todas Formações. É dirigente desportivo. Treinador de xadrez e futebol de salão, árbitro amador de futebol de salão. Participou, em 2009, no seminário internacional de treino para jovens em Portugal.

VIVEIRO DO XADREZ FEMININO
Entre 2002 e 2004, a província de Benguela detinha a supremacia dos campeonatos de xadrez em feminino, nas categorias de infanto-juvenis e juniores. Tal facto impulsionou a escola Macovi a elaborar uma espécie de plano estratégico com o objectivo de destronar Benguela e afirmar-se como uma das mais importantes instituições ligadas ao xadrez no país.
“Nós somos o viveiro do xadrez feminino, sem excluir o masculino. Porque quando a escola Macovi apareceu Benguela dominava as provas, com as conceituadas jogadoras Maria da Luz, Flora e outras. A Macovi arrumou com Benguela e mantém-se no pódio”, contou-nos visivelmente satisfeito pelo feito.
A SEDE DA ESCOLA
Depois de frustrada a esperança de um terreno, a Macovi fixou-se no parque infantil “Augusto Ngangula”, fruto do apoio da administração comunal do Neves Bendinha, que lhes cedeu um espaço nesse local.
“Conseguimos este ano, porque antes estávamos em casa da minha falecida mãe, e até porque ela foi a nossa secretária-geral. E porquê ela? Quando se trata desse tipo de actividades, e quando sabem que não há dinheiro em jogo, são poucas as pessoas que querem colaborar. Às vezes, chamavam-me ‘maluco’ por estar sempre a andar com as crianças. E quando começaram a dar fruto as pessoas começaram a acusar-nos de estar a ficar com o dinheiro dos miúdos”, disse.
A IDA A ESPANHA
A ida a Espanha, no início da primeira década de 2000, no campeonato do mundo de Valência, foi um dos grandes feitos da escola Macovi. É precisamente a partir dessa altura que ela começou a granjear maior credibilidade junto de instituições como o Comité Olímpico Angolano, com quem mantêm, até hoje, uma relação de inteira cordialidade.
À nação espanhola, a escola Macovi fez deslocar dez jogadores: cinco meninas e cinco meninos, e tudo graças ao apoio da Federação Angolana de Xadrez, que interveio junto do Ministério da Juventude e Desportos, segundo Correia Victor. Essa ida a Espanha, além de trazer o prémio de consolação aos pequenos praticantes de xadrez, veio também estimular outros meninos a tomarem o projecto como sério e uma oportunidade de tomar um novo caminho, como nos contou Correia Victor, que referiu ainda que o maior estímulo foi a participação.
ÁFRICA DO SUL
Depois de Espanha, a Macovi rumou à África do Sul por três ocasiões, entre 2006 e 2007.
Nesta nova deslocação ao estrangeiro já não estava apenas em causa a questão do estímulo, mas acima de tudo o valor competitivo dos atletas que levaram. Participaram em três torneios, num dos quais conseguiram o terceiro lugar, através de Jeoovani Santos, na altura com catorze anos. Port Elizabeth, Broemfontein e Cape Town foram as cidades onde a Macovi esteve em três ocasiões a competir.
Nessa empreitada, Correia Victor destacou o papel do Governo Provincial de Luanda, da Ensa e da Federação Angolana de Xadrez, que permitiram a deslocação à nação sul-africana.
AS OUTRAS MODALIDADES
À luz de alguns problemas de carácter social, sobretudo ligados à delinquência juvenil, a escola Macovi decidiu estender o seu objecto desportivo, abrindo o projecto a outras modalidades. É assim que hoje estão na escola atletas ligados ao ciclismo, futebol de salão, karaté e judo (com alguma limitação), como resposta à problemática da criminalidade. Depois de tal abertura, a escola Macovi passou a contar com um total de 2000 crianças. Segundo Correia Victor, o projecto continuará a tudo fazer banir os vícios da juventude.
Nok Nogueira
23 de Agosto de 2011

11:40
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Comentários

  1. joão Francisco
    2011-11-29 08:38:07
    A reportagem sobre a Escola Macovi é de facto um exemplo de profissionalismo no Desporto angolano. E, obdece o principoio de "dar voz a quem não tem" no coontexto desportivo angolano. É bem verdade que muitas das vezes, os meçlhores talentos emergem dos musseques. No xadrez, não tenho dúvidas que a Escola Macovi tem sido a grande pioneira na massificação desde jogo, considerado também de "ciência" e Desporto. As suas vantanges de quem a pratica estão comprovadascientificamente. É um desporto que deve fazer parte do curriculo escolar(...). Parabenizo o jornalista Nok Nogueira pela excelente visão jornalistica na elaboração desta também excelente reportagem. Continue assim que vai longe..


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