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sábado, 14 de abril de 2012

TEXTO 105 - PARTE 9: TESE DE DOUTORADO EM XADREZ - RACIOCÍNIO LÓGICO E O JOGO DE XADREZ: EM BUSCA DE RELAÇÕES.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000767372&opt=4
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TESE DE DOUTORADO EM XADREZ - RACIOCÍNIO LÓGICO E O JOGO DE XADREZ: EM BUSCA DE RELAÇÕES.
AUTOR: WILSON SILVA.
ORIENTADOR: PROFº DRA. ROSELY PALERMO BRENELLI.
DATA: 23.02.2010.


A avaliação apontou, dentre outras coisas, que no novo modelo do projeto, os
professores que atuavam nas escolas deveriam ser capacitados para o ensino do
xadrez, ao invés de levar os enxadristas para ensinar xadrez nas escolas, pois seria
mais fácil ensinar xadrez para os professores do que ensinar didática e metodologia de
ensino para os enxadristas.
A partir de 1983, a Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte do Paraná
realizou uma série de eventos enxadrísticos motivadores e de exibição, o que contribuiu
para uma mudança na imagem do xadrez, que até então era visto como jogo de difícil
aprendizagem e destinado à elite.
A partir de 1987 ocorreu a municipalização do projeto, onde algumas
prefeituras, especialmente a de Curitiba, foram incentivadas a desenvolver seus
próprios projetos.
Em 1991 o projeto voltou para a Fundepar, agora na Divisão de Projetos
Especiais, o que enriqueceu e aumentou aceleradamente o número de escolas que
participaram do projeto. Em 1992 iniciou uma grande distribuição de jogos de peças e
tabuleiros murais para as escolas.
Em 1993 ocorreu o Seminário Internacional de Xadrez Escolar promovido pela
Federação Internacional de Xadrez (Fide), e foi uma ótima oportunidade de conhecer e
comparar os projetos dos 13 países que participaram do evento.
Em 1994 foi lançada a metodologia oficial do projeto que unificou num livro
diversas experiências sobre o ensino do xadrez. De 1995 a 1998 foram realizados
diversos cursos capacitando centenas de professores da rede pública, disseminando
cada vez mais o conhecimento. Em 1999 o projeto esteve vinculado à Universidade do
Esporte, e neste período foram feitos cursos de capacitação num nível mais avançado.
Em 2000 foi criado o Servidor de Xadrez para a prática pela internet, e de 2001
a 2005, o projeto esteve vinculado ao Centro de Excelência em Tecnologia Educacional
do Paraná (Cetepar), representando assim o primeiro vinculo formal com a Tecnologia
Educacional. Neste período foram realizados eventos de capacitação em Faxinal do
Céu/PR.
4
Em 2002 foi criado o Centro de Excelência de Xadrez (CEX), entidade
destinada a coordenar as diversas ações, o que permitiu flexibilizar as atividades e
ganhar mais agilidade e economia, bem como promover pesquisas no campo do xadrez
escolar.
Em 2003 foi iniciada a fase piloto do Projeto Nacional de Xadrez Escolar, onde
se buscou replicar o projeto do Paraná em 5 estados (Pernambuco, Minas Gerais, Mato
Grosso do Sul, Piauí e Acre), sendo que o Acre, por opção própria, acabou ficando de
fora.
Em 2004 foi realizado em Faxinal do Céu, no Paraná, um Seminário
Internacional de Xadrez Escolar e também foi realizada a Avaliação do piloto do Projeto
Nacional.
Em 2005 o projeto estadual continuou vinculado ao Cetepar e ações foram
desenvolvidas junto ao Paraná Digital. Em 2006, o projeto estadual de xadrez foi
vinculado à Paraná Esporte, sendo que neste ano foi realizada mais uma avaliação do
Projeto Nacional de xadrez, quando se chegou ao número aproximado de 1.250
escolas participantes.
1.2 ABORDAGEM DO PROBLEMA
O psicólogo e enxadrista holandês Adriaan De Groot (DE GROOT, 1946, p. 1-
2), ao analisar o problema da introdução do jogo de xadrez nas escolas, afirma que
uma questão fundamental é responder se a introdução de aulas de xadrez nas escolas
resultará no desenvolvimento da capacidade cognitiva dos alunos.
Uma vez que o jogo de xadrez vem sendo utilizado largamente nas escolas
com a premissa de auxiliar no desenvolvimento cognitivo dos alunos, o problema que
motivou esta pesquisa é investigar se existe relação entre a expertise no jogo de xadrez
e o raciocínio lógico.
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1.3 HIPÓTESE DE PESQUISA
Os participantes classificados como avançados no xadrez terão um
desempenho melhor na Escala de Desenvolvimento do Pensamento Lógico (EDPL) do
que os participantes classificados como básicos e intermediários no xadrez.
1.4 OBJETIVOS
 Geral: verificar se há correlação positiva entre o desempenho no jogo de xadrez
e o desempenho na Escala de Desenvolvimento do Pensamento Lógico (EDPL).
 Específicos:
a) Caracterizar e comparar os grupos básico, intermediário e avançado no tocante
ao seu desempenho enxadrístico.
b) Identificar quais provas da EDPL os participantes apresentam melhor
desempenho.
c) Verificar o desempenho enxadrístico dos participantes avançados por meio de
um torneio de xadrez e compará-lo com o desempenho na EDPL.
d) Verificar se existe diferença entre sexo, idade e série na EDPL.
7
2 PESQUISAS SOBRE XADREZ
A literatura que versa sobre o jogo de xadrez é muito grande, sendo que as
três maiores coleções em bibliotecas são: John G. White Chess and Checkers
Collection, na Cleveland Public Library (EUA), com 32.568 volumes sobre xadrez e
damas4 (Cleveland Public Library, 2009); a Bibliotheca Van der Linde-Niemeijeriana, na
Koninklijke Bibliotheek (Holanda) com aproximadamente 30.000 volumes de xadrez e
damas5 (Koninklijke Bibliotheek, 2009); e a Anderson Chess Collection, na State Library
of Victoria (Austrália), com aproximadamente 12.000 itens, incluindo livros, relatórios de
torneios, revistas e panfletos6 (State Library of Victoria, 2009).
Dessa enorme quantidade de livros escritos, pode-se destacar o poema
manuscrito do século XV Scachs d´amor (CALVO, 1999), que é o primeiro texto
conservado sobre o xadrez moderno, ou um dos primeiros livros impressos de xadrez,
como é o caso do Arte breve y introduccion muy necessária para saber jugar el Axedrez
(LUCENA, 1497).
Apesar desta abundante literatura enxadrística, as obras com enfoque na
psicologia só começaram a surgir no final do século XIX. A partir daí muitos
pesquisadores tentaram compreender e descrever as peculiaridades de um bom
jogador de xadrez. Tendo por base a psicologia, realizou-se um número importante de
estudos para entender as diferenças existentes entre os níveis dos enxadristas. Estas
investigações se fixaram quase sempre no processo cognitivo dos mestres: como
observam o tabuleiro, como pensam e como jogam. Tentou-se descobrir alguma chave
que explicasse o alto nível que possuem no xadrez, ou, em outras palavras, quais são
os elementos do pensamento humano que fazem com que algumas pessoas tornem-se
grandes jogadores de xadrez e outras não.
4 http://spc.cpl.org/?q=node/5 (acesso em: 4/11/2009).
5 http://www.kb.nl/vak/schaak/inleiding/geschiedenis-en.html (acesso em: 4/11/2009).
6 http://www.slv.vic.gov.au/collections/chess/index.html (acesso em: 4/11/2009).
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No entanto, poucos estudos foram feitos apoiados na teoria de Piaget, mais
precisamente encontramos somente um, a dissertação de mestrado do belga Christiaen
intitulada Chess and cognitive development (CHRISTIAEN, 1976), que buscou verificar
se o estudo e a prática do xadrez aceleram a passagem do estágio operatório concreto
para o operatório formal, mas segundo Gobet e Campitelli (2006, p. 12) nenhum efeito
considerável foi encontrado.
A seguir será feita uma síntese com as principais pesquisas realizadas, tanto no
campo escolar quanto as realizadas tendo por base a psicologia cognitiva.
2.1 PESQUISAS SOBRE XADREZ ESCOLAR
No campo escolar, foram desenvolvidas muitas pesquisas em diversos países,
conforme pode ser visto no site da Federação de Xadrez dos Estados Unidos (USCF)7,
que possui um acervo com os principais artigos e pesquisas que versam sobre xadrez e
a educação. No entanto, segundo os psicólogos cognitivistas Fernand Gobet e
Guillermo Campitelli (GOBET; CAMPITELLI, 2006), que fizeram uma revisão crítica
destas pesquisas, a maioria destes estudos carece de suporte empírico, e os que
apresentam suporte empírico possuem problemas metodológicos.
Gobet e Campitelli (2006, p. 11) selecionaram sete estudos para serem
analisados: Chess and cognitive development (CHRISTIAEN, 1976; CHRISTIAEN;
VERHOFSTADT-DENÈVE, 1981); Chess and aptitudes (FRANK; D‟HONDT, 1979;
FRANK, 1981); Chess and standard test scores (LIPTRAP, 1998); Teaching the fourth
“R” (Reasoning) through chess (FERGUSON, sem data 1); Developing of reasoning and
memory through chess (FERGUSON, sem data 2); The effect of chess on reading
scores (MARGULIES, sem data); The effect of learning to play chess on cognitive,
perceptual, and emotional development in children (FRIED; GINSBURG, sem data).
Os critérios para seleção dos estudos foram: a) ter publicado os resultados da
investigação empírica sobre os efeitos das aulas de xadrez em alguma habilidade ou
7 http://main.uschess.org/content/view/7866/131/ (acesso em: 4/11/2009).
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comportamento (tal como inteligência, aptidão para a escola, desempenho em leitura,
etc.); b) ter efetuado medição objetiva sobre os efeitos do xadrez; e c) ter fornecido
alguns detalhes sobre a metodologia usada.
Para assinalar os problemas metodológicos destas pesquisas, Gobet e
Campitelli (2006, p. 7) propõem o que chamam de “experimento ideal” (veja o quadro 1)
e comparam as pesquisas criticadas com este experimento ideal. Segundo eles, a
educação, como a psicologia e a medicina, desenvolveram uma variedade de técnicas
para estabelecer se um dado tratamento (neste caso, aulas de xadrez) afeta
positivamente alguns comportamentos previamente estabelecidos, tais como
desempenho escolar, habilidade cognitiva, ou aptidão para a escola. Normalmente o
grupo experimental é comparado a um grupo de controle e possíveis diferenças são
avaliadas por um pós-teste que mede as variáveis de interesse.
Entretanto, dizem Gobet e Campitelli, está bem estabelecido em pesquisas
científicas que o fato de simplesmente pertencer ao grupo experimental pode afetar o
comportamento (o chamado efeito placebo). Desta forma, o delineamento experimental
deveria usar dois grupos de controle: o primeiro (o grupo placebo) recebe um
tratamento alternativo, e o segundo não recebe tratamento algum. Se o grupo
experimental, mas não o grupo placebo, mostrar avanços, pode-se concluir que o efeito
está relacionado a alguma característica do grupo experimental, e não devido a
participação em um experimento.
No entanto, continuam Gobet e Campitelli, isto não é o bastante para
estabelecer que o tratamento afeta o comportamento. Deve-se assegurar que a seleção
dos participantes é realizada de forma aleatória além de efetuar um pré-teste que
verifica as mesmas variáveis medidas no pós-teste.
Gobet e Campitelli destacam ainda que várias precauções devem ser tomadas,
como por exemplo, os participantes não saberem o objetivo do experimento, ou melhor
ainda, não saberem que estão participando de um experimento, pois o conhecimento
da participação em um experimento pode mudar o comportamento independente do
tratamento recebido. Deve-se também evitar que o professor, que ministrará o
tratamento (as aulas de xadrez) seja a mesma pessoa que irá aplicar o pré-teste e o
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pós-teste, para não contaminar os dados.
Resumindo, para Gobet e Campitelli (2006, p. 8), o experimento ideal deveria
reunir as seguintes características: seleção aleatória dos participantes de todos os
grupos; presença de um pré-teste para assegurar que não há diferença inicial entre os
grupos; presença de um pós-teste para medir potenciais diferenças devido ao
tratamento; presença de um grupo experimental e dois grupos de controle, um para
eliminar a possibilidade do efeito placebo; pessoas diferentes para realizar o
tratamento, o pré-teste e o pós-teste; professor e experimentador devem ignorar o
objetivo do estudo; e finalmente, os participantes devem ignorar os propósitos do
experimento, e mesmo o fato de que estão participando de um estudo.
Gobet e Campitelli (2006, p. 8), deixam claro que estão cientes das dificuldades
de conduzir o experimento ideal, por questões práticas, administrativas e éticas. Na
tabela a seguir pode-se ver a comparação entre o delineamento experimental ideal,
proposto por Gobet e Campitelli, e o delineamento experimental utilizado nos sete
estudos selecionados para análise.

Gobet e Campitelli (2006, p. 23) sugerem que pesquisas futuras deveriam
seguir as seguintes recomendações: a) usar uma metodologia o mais próximo possível
do experimento ideal; b) controlar o efeito placebo e outros efeitos devidos à
personalidade ou estilo do professor; c) publicar os resultados da pesquisa em
periódicos respeitados de educação ou psicologia; d) os autores devem evitar retirar
conclusões parciais ou seletivas, realizando uma análise dos dados mais objetiva e
menos entusiástica.


Conforme se pode ver no quadro anterior, realizados no Brasil, foram
encontrados trinta estudos de pós-graduação stricto sensu que utilizaram o jogo de
xadrez. Deve-se destacar que o professor da UnB, Antônio Villar Marques de Sá,
realizou na França, de 1984 a 1988, uma importante pesquisa de doutorado sobre o
jogo de xadrez e a educação (SÁ, 1988), sendo que esta não consta na tabela a seguir
por agrupar pesquisas realizadas no Brasil.
O espanhol Ferran García Garrido (GARRIDO, 2001), no livro Educando desde
el Ajedrez, apresenta algumas capacidades que, segundo ele, são exercitadas com a
prática do xadrez (ver quadros 1, 2 e 3).
No quadro a seguir o autor assinala algumas capacidades intelectuais que são
exercitadas na prática do xadrez. O autor destaca no jogo a representação espacial (o
espaço físico onde o jogo é praticado), a representação temporal (as jogadas bem
como o tempo do relógio de xadrez), e a transferência de estruturas ou estratégias
(planejamento de tarefas cognitivas ou de técnicas de estudo).

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