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sábado, 14 de abril de 2012

TEXTO 106 - PARTE 10: TESE DE DOUTORADO EM XADREZ - RACIOCÍNIO LÓGICO E O JOGO DE XADREZ: EM BUSCA DE RELAÇÕES.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000767372&opt=4
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TESE DE DOUTORADO EM XADREZ - RACIOCÍNIO LÓGICO E O JOGO DE XADREZ: EM BUSCA DE RELAÇÕES.
AUTOR: WILSON SILVA.
ORIENTADOR: PROFº DRA. ROSELY PALERMO BRENELLI.
DATA: 23.02.2010.


2.2 PESQUISAS NO CAMPO DA PSICOLOGIA COGNITIVA
Na Psicologia Cognitiva o xadrez é muito utilizado em pesquisas, sendo que
sua utilização é comparada à da Drosophila (mosca da fruta) em pesquisas de
genética:
(…) as genetics needs its model organisms, its Drosophila and Neurospora, so
psychology needs standard task environments around which knowledge and
understanding can cumulate. Chess has proved to be an excellent model
environment for this purpose. (SIMON; CHASE, 1973, p. 394).
O impacto das pesquisas envolvendo o xadrez nas ciências cognitivas foi bem
captado por Charness num artigo de 1992. Charness pesquisou em duas respeitadas
fontes de informações, a Social Science Citation Index e a Science Citation Index, para
localizar as publicações mais citadas referentes ao xadrez, e encontrou o livro Thought
and choice in chess (DE GROOT, 1946) e o artigo Perception in chess (CHASE;
SIMON, 1973).
O livro de De Groot acumulou 250 citações desde sua primeira edição em
inglês em 1965 até 1989, enquanto que o artigo de Chase e Simon acumulou 350
citações no período de 1973 até 1989, sendo, portanto, duas citações clássicas: “a
„citation classic‟ accolade is usually awarded when a work has between 100 and 400
citations, depending on size of the field of inquiry, so these two works can safely be
judged to be classic ones.” (CHARNESS, 1992, p. 4).
Antes de abordar os estudos no campo da psicologia cognitiva, serão discutidas
quatro pesquisas que influenciaram os estudos cognitivos posteriores: Binet (1894),
Cleveland (1907), Diakov, Pietrovski e Rudik (1925)8, e De Groot (1946).
8 Citado em DE GROOT, 1946, p. 8-10.
16
2.2.1 Binet e o Xadrez às Cegas
A primeira investigação importante para elucidar como se processa o
pensamento do enxadrista se deu com Binet (1894; 1966). A pesquisa foi realizada
para desvendar os mecanismos psicológicos do xadrez às cegas9, e apontou que a
habilidade para jogar às cegas reside em três condições fundamentais (BINET, 1894, p.
262).
l’erudition: para um mestre a posição de jogo é uma unidade, uma bem
estruturada cena de batalha que é capturada na mente do jogador, sendo que cada
posição tem suas características próprias. Mas esta característica de unidade existe
somente para o especialista, sendo resultado de seu conhecimento e experiência. O
mesmo ocorre numa partida inteira: para o mestre uma partida não é uma mera
seqüência de movimentos independentes, mas sim o desenvolvimento de um esforço
que pode ser exemplificado por manobras características e idéias.
l’imagination: o enxadrista, quando está praticando o xadrez às cegas, não tem
uma imagem completa do tabuleiro na mente, mas somente uma forma inacabada onde
ele procura as jogadas passo a passo, reconstruindo continuamente os detalhes da
posição (veja a figura 1).
la mémoire: baseado no fato que praticamente todos os entrevistados
enfatizaram a falta de detalhes visuais como cor e forma, tanto nas peças quanto no
tabuleiro, Binet concluiu que a memória no xadrez às cegas é do tipo visual abstrata,
em contraste com a memória visual concreta.
A figura 1 mostra, na esquerda, a posição de uma partida às cegas jogada pelo
enxadrista Sittenfeld, e, na direita, o desenho que ele fez na tentativa de representar a
imagem mental no momento de escolher o lance.
9 No xadrez às cegas, um jogador joga uma ou várias partidas sem ver o tabuleiro e as peças, ou
qualquer contato físico com eles, sendo que os movimentos comunicados através da notação
enxadrística.


O desenvolvimento da habilidade no xadrez, segundo Cleveland (1907, p. 293-
296), passa por cinco estágios, conforme pode ser visto no quadro a seguir.

QUADRO 6 – FASES NA APRENDIZAGEM DO XADREZ


objetivamente; 10) uma memória poderosa para assuntos de xadrez; 11) capacidade
para pensamento sintético e imaginação; 12) habilidade combinativa; 13) uma vontade
disciplinada; 14) uma inteligência muito ativa; 15) emoções disciplinadas; 16)
autoconfiança. (KASPAROV, 1987, p. 250).
Os pesquisadores russos descartaram a idéia de que o gênio do xadrez
depende de um único e singular talento inato. Ao contrário, chegaram à conclusão de
que um mestre de xadrez deve reunir um variado e altamente desenvolvido grupo de
qualidades, algumas inatas e outras desenvolvidas com a experiência e muito trabalho.
(KASPAROV, 1987, p. 250-251).
O relato de alguns pontos gerais sobre a função do jogo na vida psicológica das
pessoas sugere que o xadrez poderia ter uma função construtiva na nova sociedade
soviética:

El juego permite un libre desdoblamiento de la personalidad, su fuerza y su
interés. Como tales, satisfacen las exigencias y esfuerzos que yacen en lo
profundo de la naturaleza humana, pero que no encuentran satisfacción en la
vida ordinaria. Por lo tanto, el juego proporciona una liberación de las tensiones
psicológicas causadas por la vida cotidiana y al mismo tiempo gasta la energía
que no encuentra salida en el trabajo. En este sentido el juego enriquece la vida
y contribuye a reanudar y a desarrollar completamente la personalidad (...).
Como una actividad motivada desde dentro, el juego es satisfactorio por sí
mismo; es una pura experiencia desprovista de cualquier significado utilitario
(...). (KASPAROV, 1987, p. 251).

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